A interface prosódia-sintaxe na produção e no processamento de estruturas de Tópico e de SVO

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Carolina Garcia de Carvalho lattes
Orientador(a): Name, Maria Cristina lattes
Banca de defesa: Kenedy, Eduardo lattes, Rodrigues, Erica dos Santos lattes, Teixeira, Luciana lattes, Fonseca, Aline Alves lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1289
Resumo: O presente estudo tem como objetivo investigar o papel da prosódia no processamento sintático. Nossa hipótese é a de que a prosódia não só impede a ambiguidade, mas também guia o parser, fornecendo pistas para a construção da estrutura sintática no curso do processamento realizado por adultos. Elegemos como objetos de análise as estruturas de Tópico (de argumento interno) e de SVO (não topicalizado) porque, no contraste entre ambas, as pistas prosódicas são acessíveis desde o início da sentença. Um conjunto de experimentos foi realizado com os seguintes objetivos: na produção: (a) verificar as propriedades prosódicas de sentenças com estruturas SVO e de Tópico em tarefas de leitura; (b) investigar se há uma preferência por uma prosódia default; na compreensão: (c) verificar se há preferência por uma ou outra estrutura, a partir da comparação do tempo de processamento de estímulos auditivos com e sem pistas prosódicas; (d) verificar se a modificação dessas pistas poderia "enganar" as escolhas do parser. Para a construção dos estímulos experimentais, foram selecionadas palavras que podem pertencer tanto à categoria Verbo, quanto à categoria Adjetivo. Construímos sentenças com os dois tipos de estruturas sintáticas: Tópico – [A criança SUJA]IPa madrinha mandou ela para o banho; e SVO – [A criança]ϕ [SUJA a madrinha] com a comida do almoço. Os resultados dos experimentos de produção revelam que há pistas acústicas que diferenciam os dois tipos de estrutura. Além disso, sugerem também que há uma preferência, na leitura em voz alta, pela prosódia SVO quando o participante desconhece o sentido completo das sentenças. Quanto aos experimentos de compreensão, também parece haver uma preferência pela estrutura de SVO quando as pistas prosódicas não estão acessíveis para o ouvinte. Por outro lado, quando a prosódia é informativa, os resultados sugerem que esta não só guia o parser na escolha da estrutura sintática, mas também poderia “enganá-lo”, levando ao processamento de uma estrutura diferente nos casos de incongruência entre sintaxe e prosódia. Em conjunto, os resultados revelam que, por um lado, parece haver uma estrutura default SVO, mas, por outro, a prosódia de Tópico parece impedir, em certa medida, a ativação desse default. Com os tipos de estruturas analisadas e com base nos resultados experimentais, defendemos que a prosódia guia essas projeções, já que as pistas acústicas estão acessíveis desde o início das sentenças. De acordo com a proposta de Bocci (2008), as propriedades de Tópico estariam codificadas na sintaxe, guiando a derivação sintática; tais propriedades, por sua vez, seriam disponibilizadas, previamente, via prosódia. Os resultados obtidos são discutidos à luz de três abordagens teóricas: a hipótese do Bootstrapping Prosódico/Fonológico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997, 2008), que sustenta que pistas prosódicas promovem a segmentação do fluxo de fala, facilitando o processamento (no caso dos adultos); o Modelo Integrado da Computação On-line (CORRÊA & AUGUSTO, 2006; 2007), segundo o qual a árvore sintática vai se formando no curso do processamento; e o Modelo de Compreensão Auditiva da Linguagem (FRIEDERICI, 2011), que prevê a interação da prosódia com a sintaxe no nível neurofisiológico.