Sociedade dos poetas tortos: a primavera periférica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Marques, Vitor lattes
Orientador(a): Lopes, Maximiliano Valério lattes
Banca de defesa: Dias, Juliana Maddalena Trifílio, Júnior, Eduardo José Marandola, Miranda, Sônia Regina
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10756
Resumo: A dissertação que aqui se apresenta parte de uma prática que já vínhamos realizando desde os tempos de graduação (Licenciatura em Geografia): sempre conciliar conteúdos curriculares com expressões literárias. Essa preocupação surgiu de nosso afeto para com as artes literárias – poesia, conto, romance, crônica, prosa... – e de nossa impressão de que as escolas por onde passamos (exercendo discência ou docência), em muitos casos, reprimiam o ímpeto literário dos estudantes que se expressavam de maneira mais lírica, sobretudo daqueles oriundos de lugares periféricos e que traziam a periferia no corpo. As geograficidades (espírito geográfico da presença no mundo) entrelaçadas no espaço escolar, muitas vezes inclinadas a uma anunciação poética – geograficidades poéticas –, não raro são brutalmente soterradas com a concepção ultrapassada do fazer pedagógico. Mas as sementes da resistência têm seus tecidos de rebrota: insistente, a poesia floresce. Enquanto o discurso hegemônico confina as culturas periféricas ao epistemicídio, ao desperdício de experiências, o povo não espera licença para fazer literatura: vai lá e faz. E se não puder ser na escola, vai ser na rua. Enquanto estávamos nessa fase de finalizar a licenciatura e ingressar no mestrado em educação, travamos os primeiros contatos com a literatura periférica – aquela escrita na periferia, por e para sujeitos periféricos. Um dos desdobramentos do movimento literário da periferia no Brasil foi o advento do Slam Poético – batalhas de poesia falada. Surgido nas periferias de Chicago, ao final da década de 1980, o slam é um gênero performático de literatura protagonizado por sujeitos que não precisam sair da periferia em direção ao centro para participar da vida intelectual da cidade. Desde 2008, a modalidade literária dos slams tem crescido pelas cidades brasileiras, semeando a cultura da poesia falada nas quebradas (periferias), que são tratadas pelas elites dominantes como depósitos de mão-de-obra barata e acessível. O presente trabalho consiste em um esforço de mapear alguns movimentos literários e contextos socioculturais que contribuíram para a consolidação de um gênero literário das periferias brasileiras, desembocando em uma apresentação das raízes e atores responsáveis pelo surgimento do Slam de Perifa, slam poético que nasceu no bairro Santa Cândida – periferia da zona leste da cidade de Juiz de Fora. As mensagens propagadas por poetas e poetisas no Slam de Perifa (e na cultura dos slams, em geral), tornam públicas informações e acontecimentos que não costumam circular nos meios de comunicação hegemônicos, ou circulam totalmente deturpados e manipulados para favorecer às lógicas dominantes. “Perifa é voz, perifa é nóis. Slam de Perifa!”.