Filosofia, valores e conceitos da clínica ampliada na prática de enfermeiros da rede de atenção à saúde mental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Alves, Katiusse Rezende lattes
Orientador(a): Alves , Marcelo da Silva lattes
Banca de defesa: Loyola, Cristina Maria Douat lattes, Soares, Teresa Cristina lattes, Almeida, Geovana Brandão Santana lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2015
Resumo: Os movimentos de reforma sanitária e psiquiátrica ocorridos na segunda metade do século XX no Brasil impulsionaram mudanças no pensar e no fazer das práticas em saúde mental. Desde então, a Enfermagem passou a ter o desafio quotidiano, nos serviços, de superar suas dificuldades na assistência aos usuários portadores de transtornos mentais oriundas da visão social da loucura e cristalizada pelos estigmas sociais que essa parcela da população carrega, historicamente, de serem indivíduos alienados, perigosos e agressivos. Assim, este estudo sobre a filosofia, valores e conceitos de clínica ampliada na visão de enfermeiros que atuam nos serviços que compõem a rede de atenção à saúde mental de um município da Zona da Mata mineira teve como objetivo analisar qual é a filosofia e quais são os valores e conceitos de clínica ampliada na visão destes profissionais à luz do referencial teórico e filosófico da microssociologia compreensiva proposto por Michel Maffesoli. Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva exploratória que teve como sujeitos da investigação 30 enfermeiros. Adotou-se como perspectiva de investigação a compreensão da vivência social em profundidade. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada e os dados foram transcritos, tratados e categorizados em unidades de significados, em seguida, foram triangulados a fim de alcançar o máximo possível de abrangência na descrição, explicação e compreensão do objeto de estudo. A investigação mostrou que o cuidado da Enfermagem na área da saúde mental ainda necessita ser fundamentado na filosofia, nos valores e conceitos da clínica ampliada e da Reforma Psiquiátrica, a fim de garantir que a assistência seja centrada na pessoa e não apenas no enfoque biológico das doenças, ou seja, no sujeito singular, social, histórico, cultural e subjetivo, que, em algum momento de sua vida, apresenta alguma necessidade relacionada à saúde mental. Além disso, foi constatada a necessidade de investimentos na formação dos profissionais para o manejo desta população e na organização de uma rede de serviços de saúde mental resolutiva. O estudo mostrou a Enfermagem, conforme está posta, mergulhada nos pressupostos da modernidade, que delimitam o fazer como um ―deve ser‖ e um ―deve fazer‖ interligado ao trabalho médico, que não harmoniza com as ideias da pósmodernidade. Este espaço-tempo encerra a existência, no quotidiano, de pequenas, mas importantes coisas que vão dando contorno ao cuidado humano, construindo as relações interpessoais e sociais entre sujeito-profissional e sujeito-paciente e também a esperança de uma Enfermagem capaz de superar suas fragilidades e contribuir para a transformação do contexto social no qual convive, sobretudo no campo da saúde mental. Assim, fazem-se necessárias, na Enfermagem, a adoção de bases filosóficas que deem suporte a este fazer da ótica pós-moderna e que sejam capazes de considerar o contexto das interações e os aspectos humanístico e subjetivo que cercam cada encontro de cuidado. Para que se vejam sujeitos em vez de loucos, drogados, alienados destituídos de razão e de capacidade de convívio social, é necessário ―trocar os óculos‖ e buscar o humano, colocando-o como centro do processo de cuidado.