Insegurança alimentar e nutricional: associação com fatores sociodemográficos, alimentares e de saúde em adolescentes de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rodrigues Neto, Andressa de Araujo lattes
Orientador(a): Souza Oliveira e Silva, Renata Maria lattes
Banca de defesa: Sperandio, Naiara lattes, Faria, Eliane Rodrigues de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12035
Resumo: A insegurança alimentar e nutricional (INSAN) é um problema de saúde pública mundial, que acomente principalmente as regiões menos favorecidas economicamente. É uma temática desafiadora em razão de sua complexidade e abrangência, além dos diversos determinantes que envolvem a sua compreensão. De fundamental importância, sua abordagem se faz necessária especialmente no público infanto-juvenil, haja vista o seu acometimento com maior intensidade em nível domiciliar. Alguns estudos evidenciam associações entre a situação de INSAN e um pior estado de alimentação e de saúde em crianças e adolescentes, no entanto, tais investigações ainda são insuficientes. O presente estudo buscou, portanto, associar os fatores socioedemográficos, econômicos, alimentares e de saúde com a insegurança alimentar e nutricional em adolescentes da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com 782 adolescentes, de 14 a 18 anos do ensino fundamental e médio de escolas públicas do município. A insegurança alimentar e nutricional foi avaliada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), a classificação econômica foi avaliada segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), o número de moradores do domicílio, a percepção da alimentação, o ato de tomar o café-da-manhã, almoçar, jantar, o acesso aos serviços de saúde e a percepção de saúde foram mensurados por questões únicas autorreferidas, conforme as opções de respostas disponíveis. Foram utilizados os softwares SPSS e STATA para o processamento dos dados descritivos, análise bivariada das variáveis de interesse e posteriormente o modelo múltiplo por meio da Regressão de Poisson. Os 782 adolescentes avaliados apresentaram média de idade de 16,08±1,174 anos e 58,6% eram do sexo feminino. Constatou-se a prevalência de 37% de INSAN e 78,1% dos adolescentes com renda familiar média e baixa. Ao avaliar a percepção da alimentação, 57,8% dos adolescentes consideraram a própria alimentação e 37,6% a alimentação dos responsáveis de modo negativo. Ao considerar as refeições 51,9% realizavam o café-da-manhã, 11% o almoço e 39,5% o jantar menos que quatro vezes na semana. A respeito da saúde, 68,2% dos adolescentes frequentaram o serviço de saúde nos últimos doze meses, a percepção negativa de saúde dos adolescentes foi de 30,6% e dos responsáveis de 31,2%. Os modelos múltiplos finais evidenciaram que renda média e baixa, domicílios com seis ou mais moradores, percepção negativa da alimentação dos responsáveis, realização do café-da-manhã menos que quatro vezes na semana, percepção negativa da própria saúde e da saúde dos responsáveis apresentaram associação e maiores prevalências de INSAN. Ao avaliar o jantar, aqueles que o realizavam menos de quatro refeições por semana apresentaram menor prevalência de insegurança alimentar e nutricional. Os resultados desta investigação revelam a importância de se avaliar a INSAN não apenas sob a ótica socioeconômica e demográfica, mas também considerando os aspectos de percepção, características alimentares e de saúde. Tais fatores, até então, pouco avaliados nesta temática, ampliam ainda mais o escopo de avaliação multidimensional da segurança alimentar e nutricional. Ademais, considera-se relevante o período da adolescência, haja vista a vulnerabilidade deste público e a tendência de manutenção de determinados hábitos na vida adulta.