Estrategias de visibilización o los sentidos de las borraduras: os dispositivos da Histeria e da História na po(ética) de Voluspa Jarpa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barbosa, Ramsés Albertoni lattes
Orientador(a): Pifano, Raquel Quinet de Andrade lattes
Banca de defesa: Pitta, Fernanda Mendonça lattes, Cardoso, Renata Gomes lattes, Magnolo, Talita Souza lattes, Zago, Renata Cristina de Oliveira Maia lattes, Bertagna, Letícia de Alencar lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Artes
Departamento: IAD – Instituto de Artes e Design
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17528
Resumo: A pesquisa investiga a produção da artista visual chilena Voluspa Jarpa, cujas criações empreendem a (re)leitura e a (des)construção dos arquivos oficiais do governo norteamericano, produzidos por suas agências de inteligência, sobre o período das ditaduras do Chile e do Brasil durante as décadas de 1960 e 1970. Em suas criações, Jarpa propõe analisar e investigar o que fora apagado, censurado e rasurado, chamando atenção para a imagem resultante do documento que sofreu tais intervenções, ou seja, uma imagem que expressa tanto a “construção de visibilidades” quanto a eficácia po(ética) e política dos usos do arquivo, o que cria “sombras no presente”. Essa documentação arquivística é utilizada como material artístico, cuja reflexão descreve os processos e os antecedentes implícitos em sua est(ética). É sintomático o fato de que, antes da liberação desses documentos ao acesso público, em todos eles houvesse trechos riscados e rasurados, o que levou a artista a questionar as representações históricas em diversos sistemas da imagem. Jarpa ajuíza a abordagem da representação histórica por meio das artes visuais de maneira mais analítica e crítica, sendo o relato histórico interpretado como um “sintoma cultural” em que o reprimido no corpo social “aparece” como trauma. A partir dos relatos históricos oficiais, a artista discute a histeria da História e a encenação como artifício da linguagem da pintura, pois o que lhe interessa é problematizar a questão da representação, por isso, ela se utiliza da simulação pictórica de vários procedimentos e visualidades. Jarpa relaciona conceitualmente dois sistemas narrativos cunhados com fins antagônicos, quais sejam, por um lado, o relato histórico como discurso de eventos traumáticos coletivos, por outro, o discurso que funda a subjetividade da histeria, gerando o entrecruzamento entre histeria e História, o que lhe possibilitou tornar visível suas linguagens, mecanismos e imagens. O relato histórico é interpretado pela artista como um “sintoma cultural” em que o reprimido no corpo social “aparece” como trauma, e o material arquivístico é o primeiro rastro dessa repressão. Foi necessário, assim, construir “estrategias de visibilización” que lhe permitissem, ao mesmo tempo, ler o material à disposição e apresentá-lo ao público em suas produções, pois o trauma é um relato arquivado e negado, e o sintoma, um arquivo cifrado e borrado.