Treino é treino e jogo é jogo? Influência da situação (treino – jogo) e da posição nas demandas de deslocamentos e carga de trabalho em atletas profissionais de voleibol

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Horta, Thiago Andrade Goulart lattes
Orientador(a): Bara Filho, Maurício Gattás lattes
Banca de defesa: Dias, Bernardo Miloski lattes, Coimbra, Danilo Reis lattes, Werneck, Francisco Zacaron lattes, Ferreira Júnior, João Batista lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação Física
Departamento: Faculdade de Educação Física
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00083
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13679
Resumo: Objetivo: O presente estudo teve quatro objetivos principais: 1) Analisar e comparar as demandas de deslocamentos de treinos e jogos entre as posições de atuação de uma equipe profissional de voleibol em uma temporada competitiva; 2) Analisar e comparar as demandas de frequência cardíaca e carga de trabalho derivada da frequência cardíaca de treinos e jogos entre as posições de atuação; 3) Analisar a relação da carga externa realizada com a carga interna apresentada pelas diferentes posições de atuação em situação de treino e jogo; 4) Analisar a relação de marcadores de carga externa e interna de trabalho no jogo com indicadores estatísticos de desempenho no jogo. Métodos: Uma equipe participante da Superliga B foi monitorada em relação a carga de trabalho externa e interna dos atletas durante uma temporada competitiva. Foram monitoradas 61 sessões de treinamento tático e 9 jogos oficiais. Os atletas foram monitorados através do dispositivo Polar Team Pro System, que registra uma série de informações da carga externa realizada e a carga interna manifestada pelo atleta através dos deslocamentos registrados e dados da frequência cardíaca. Para comparar as demandas de deslocamentos e carga de trabalho fisiológica dos atletas em situação de treino e jogo, foi utilizado para as análises os dados dos 7 atletas considerados titulares (1 levantador, 1 líbero, 2 centrais, 2 ponteiros e 1 oposto) que foram monitorados de forma fixa com o mesmo sensor durante a pesquisa. Os dados foram apresentados como média ± desvio padrão e para as análises foram utilizados Modelos Lineares Generalizados Mistos (GLMM) com estrutura de variânciacovariância autorregressiva (AR) e teste post-hoc de Bonferroni. Resultados: Foram encontrados efeitos significativos da posição, do tipo de sessão e da interação entre posição e sessão sobre as medidas de deslocamentos (carga externa) e carga de trabalho fisiológica (carga interna). Na análise das demandas de deslocamentos, foi observado maiores distâncias percorridas nos jogos comparados as sessões de treinamento tático (jogo: 4.541 ± 912 / treino: 3.222 ± 1.220 metros, p < 0.001). Além disso, o levantador foi a posição que percorreu as maiores distâncias em treinos e jogos comparado as demais posições (Levantador – jogo: 5.413 ± 872 / treino: 3.713 ± 1.144 metros; Líbero – jogo: 4.515 ± 873 / treino: 2.953 ± 1.144 metros; Oposto – jogo: 4.236 ± 869 / treino: 2.777 ± 1.150 metros; Central – jogo: 4.312 ± 868 / treino: 3.355 ± 1.149 metros; Ponteiro – jogo: 4.227 ± 857 / treino: 3.321 ± 1.157 metros; p < 0.001). Padrão semelhante foi identificado para a variável “Total de acelerações + desacelerações”, com os levantadores (jogo: 2.537 ± 322 / treino: 1.538 ± 402 ações; p < 0.001) e líberos (jogo: 2.253 ± 322 / treino: 1.453 ± 402 ações; p < 0.001) apresentando a maior quantidade desse tipo de ação em treinos e jogos em relação as demais posições (p < 0.001). Em relação as demandas de frequência cardíaca (FC), os atletas de voleibol permaneceram maior quantidade de tempo na zona 2 da FC (60 – 69% da FC máx) em treinos (26 min) e jogos (49 min). Em todas as zonas de intensidade da FC (1, 2, 3, 4 e 5) foram observados maior tempo na situação de jogo (p < 0.001). Levantadores e líberos apresentaram maior quantidade de tempo nas zonas inferiores de intensidade da FC (zonas 1 e 2) comparados aos atacantes. Quando consideradas as zonas superiores de intensidade da FC (zona 4: 80 – 89% da FC máx e zona 5: 90 – 99% da FC máx), os atacantes permaneciam mais tempo em relação aos levantadores e líberos. O tempo gasto nas zonas de FC de maiores intensidades (zona 4) apresentou forte correlação com a carga de trabalho fisiológica final (Training Load Polar) manifestada pelos atacantes (Oposto: r = 0.845 / p < 0.001; Central: r = 0.902 / p < 0.001; Ponteiro: r = 0.795 / p < 0.001). Os valores apresentados de carga externa e interna foram significativamente superiores (p < 0.001) na situação de jogo comparados as sessões de treino tático. Correlações significativamente fortes e muito fortes (variando entre r = 0.580 a r = 0.868, p < 0.001) foram encontradas para a relação da carga externa vs carga interna quando analisadas especificamente para cada posição. Os resultados mostraram forte influência do “Total de acelerações + desacelerações” no “Tempo de recuperação” para as posições de preparação (levantador: r = 0.738 / p < 0.001 e líbero: r = 0.783 / p < 0.001). Foram encontradas correlações negativas significativamente fortes entre Distância Total vs Side Out (r = -0.764; p = 0.016); Total de acelerações + desacelerações vs Side Out (r = -0.723; p = 0.028); Trimp Edwards vs Side Out (r = - 0.783; p = 0.013) e Training Load Polar vs Side Out (r = -0.779; p = 0.013). Conclusão: Conclui-se que as demandas de deslocamentos e carga de trabalho fisiológica impostas aos atletas no jogo são significativamente superiores em relação as demandas das sessões de treino tático. Além disso, essas demandas são diferentes quando se considera as posições de atuação do jogador. Conclui-se por fim, que os deslocamentos intermitentes registrados na prática do voleibol (Distância Total e Total de acelerações + desacelerações), demonstram se relacionar fortemente com o desgaste final apontado pelos atletas através das variáveis de carga de trabalho (PSE da sessão, Trimp Edwards e Training Load Polar) e desempenho no side-out dos jogos.