Transfeminilidades na literatura brasileira contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Francine Natasha Alves de lattes
Orientador(a): Rocha, Enilce do Carmo Albergaria lattes
Banca de defesa: Thomaz, Fernanda do Nascimento lattes, Perucchi, Juliana lattes, Jesus, Jaqueline Gomes de lattes, Torres, Maximiliano Gomes lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12603
Resumo: Esta pesquisa investiga as representações de mulheres transexuais, transgêneras e travestis na literatura brasileira contemporânea, a fim de compreender como esses indivíduos têm sido apresentados atualmente e quais silêncios e/ou falhas ainda estão presentes no modo como esses sujeitos são constituídos enquanto personagens. Selecionamos cinco obras que têm em comum o protagonismo transfeminino e a memória, visando analisar como a subjetividade trans é construída em cada uma e como as narrativas sofrem a influência da posição social dos autores (DALCASTAGNÈ, 2012): A Princesa (1995), biografia da transexual Fernanda Farias de Albuquerque, escrita em parceria com Maurizio Jannelli no período em que ambos estiveram presos na Itália; Do fundo do poço se vê a lua (2010), romance ficcional de Joca Reiners Terron que traz como protagonista a narradora transexual Cleópatra; Luís Antônio-Gabriela (2012), livro elaborado a partir de documentário-espetáculo por Nelson Baskerville, em que apresenta sua autobiografia perpassada pela história de sua irmã mais velha, a travesti Gabriela; O nascimento de Joicy (2015), uma reportagem de Fabiana Moraes, jornalista pernambucana que acompanhou a experiência de Joicy no período em que passou pela cirurgia de redesignação genital pelo Sistema Único de Saúde, bem como o processo de recuperação; e E se eu fosse puta (2016), obra autobiográfica que reúne as histórias da travesti Amara Moira sobre o período em que se prostituiu, reeditada com o título de E se eu fosse pura (2018). Utilizando de teorizações acerca de identidade (HALL, 2006; 2012), performatividade de gênero (BUTLER, 2010) e sobre os dispositivos médicos que surgiram e se desenvolveram a fim de exercer o controle sobre os corpos (FOUCAULT, 1988; 2016), procuramos explicar como a travestilidade e a transgeneridade foram cunhadas como patologias, sendo vistas até os dias atuais como tal. Passando por elementos da história do Brasil, desde a condenação às práticas do “travestismo” e da criminologia como instrumento para associar homossexuais afeminados à perversão, buscamos expor como a sociedade sempre enquandrou indivíduos desviantes por meio do estigma. Posteriormente, partindo dos grupos que se organizaram a partir da década de 1980 para lutar contra a epidemia de HIV/aids e se proteger da violência policial, descrevemos como a identidade travesti evoluiu para que estas pessoas se tornassem agentes de sua própria luta. Elaborando a noção de transeccionalidade, procuramos trabalhar os entrecruzamentos de opressões para além da interseccionalidade. Entedemos, por meio desta pesquisa, que a voz transfeminina ainda está pouco presente na literatura brasileira de ampla distribuição, principalmente no que concerne à autoria trans.