Barreiras à adequação em diálise peritoneal: um estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Marassi, André Luis lattes
Orientador(a): Fernandes, Natália Maria da Silva lattes
Banca de defesa: Carmo, Wander Barros do lattes, Pereira, Beatriz dos Santos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16800
Resumo: Introdução: A doença renal crônica (DRC) é um grave problema de saúde pública mundial, afetando 10% da população e se relacionando ao envelhecimento e às doenças crônico degenerativas. Dados apontam grande disparidade entre oferta e demanda das terapias renais substitutivas (TRS), com maior déficit em países com baixos índices socioeconômicos. Nesse contexto, a diálise peritoneal (DP) vem perdendo espaço para outras TRS devido a diversos fatores. O objetivo do estudo foi traçar um perfil dos pacientes em DP e, no decorrer de um ano, avaliar os parâmetros clínicos e laboratoriais de adequação dialítica, bem como desfechos. Assim, buscamos detectar barreiras de adequação para melhor atender os pacientes e gerar subsídios para difundir o tratamento. Pacientes e métodos: Coorte prospectiva, em pacientes em DP no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no período. Variáveis analisadas: dados sociodemográficos, cuidador, comorbidades, etiologia da DRC, autossuficiência e indicação do método, aderência, TRS prévias, acompanhamento nefrológico, dados clínicos e laboratoriais mensalmente aferidos, escore de qualidade de vida (QV) (SF-12), escore de desnutrição e inflamação (MIS), escala de percepção do suporte social (EPSS), escore de letramento em saúde (SAHLPA) e desfechos. Análise estatística: descrição em média, desvio padrão, mediana ou percentagem das variáveis categóricas, ordinais ou numéricas. Posteriormente, teste t para amostras independentes, qui-quadrado, mann-whitney ou ANOVA, comparando incidentes versus prevalentes em relação às variáveis sociodemográficas, clínicas, laboratoriais, complicações do método, escores (SAHLPA, MIS, EPSS e SF-12) e desfechos. Essa análise foi realizada entre pacientes nas metas versus fora das metas (considerado 80% do tempo nas mesmas) para avaliar associação. Os desfechos foram comparados com as metas para verificar quais fatores interferiram. Correlacionamos escores EPSS e QV com variáveis sociodemográficas, clínicas, complicações, internações e óbitos e, ao final, realizamos um modelo de regressão linear para avaliar as variáveis associadas ao desfecho QV (componentes físico e mental) e regressão logística para avaliar os desfechos dicotômicos internação, falência da técnica e óbito;esses modelos foram ajustados para variáveis confundidoras com plausibilidade biológica e/ou relevância estatística. Utilizamos o SPSS 25.0 Chicago, Illinois e IC de 95%. Resultados: Avaliados 56 pacientes, sendo 73,2% prevalentes e 26,8% incidentes no método. Houve predomínio de idosos (61,2±13,9 anos), brancos (62,5%), aposentados (82,1%), baixas condições socioeconômicas, elevado analfabetismo (41%), com suporte social e que optaram pela DP por escolha própria (71,4%). Dentre as comorbidades, 100% eram hipertensos e 30% diabéticos, sendo a principal etiologia da DRC indeterminada (26,8%). Foram notados baixo nível de letramento em saúde e de QV. Dentre as metas de adequação, o controle da PA foi a meta clínica de mais difícil alcance (30,4%) e o fósforo a laboratorial de mais difícil controle (28,6%). Foram internados 57,1% dos pacientes, 23,2% foram a óbito e 16% apresentaram falência de técnica. Através de análise multivariada, foi notado que a QV, como variável desfecho, se correlacionou em seu componente mental à faixa etária e, em seu componente físico, ao MIS. Conclusão: Alcançar as metas da PA e fósforo foi um grande desafio. Os fatores que mais se associaram ao alcance das metas foram: idade, nefrologista prévio, demência, diabetes mellitus (DM) e aderência.