"O que é ser mulher negra no Brasil?": o Youtube a serviço de uma nova representação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Maristela Rosa da lattes
Orientador(a): Leal, Paulo Roberto Figueira lattes
Banca de defesa: Oliveira, Luiz Ademir de lattes, Mitchell-Walthour, Gladys Lanier lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Comunicação
Departamento: Faculdade de Comunicação Social
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12073
Resumo: Este trabalho se propõe a compreender como mulheres negras têm falado sobre si mesmas e, assim, vêm construindo narrativamente uma representação midiática do que é ser mulher negra no Brasil. Esta dissertação tem como objeto de análise quatro canais do YouTube, a saber: Camilla de Lucas, Gabi Oliveira, Nátaly Nery e Rayza Nicácio. Foram escolhidos canais comandados por mulheres negras, uma vez que o principal objetivo foi identificar como a construção identitária feminina negra é feita por quem faz parte deste grupo social e se, ao ter a oportunidade de falar de si, essas mulheres e criadoras de conteúdo criam uma “contranarrativa”, ou seja, uma narrativa que rompe com a representação tradicional da mídia brasileira sobre a mulher negra. Parte-se da hipótese de que sim, há esta ruptura, uma vez que o que temos na mídia nacional tradicional, na maioria das vezes, é o olhar masculino e branco construindo as narrativas de representação de diferentes grupos, incluindo o feminino negro. Para tanto trouxemos à tona o conceito de midiatização, que trata justamente das transformações sociais ocasionadas pelo surgimento de novas mídias. Este conceito nos ajuda, especialmente na atualidade, a compreender como diferentes instâncias da vida social contemporânea estão direta ou indiretamente atravessadas pelas mídias digitais e pelo on-line. Num segundo momento, este trabalho é dedicado a investigar e compreender como diferentes setores da mídia tradicional do Brasil, a saber: televisão, publicidade, jornal impresso, cinema, entre outros, representam a mulher negra. Antes disto, porém, discute-se como se dá a construção da identificação identitária de um grupo e qual o papel da representação midiática nesta construção. Parte-se, na quarta parte deste trabalho, para a análise dos canais escolhidos para a análise, onde percebe-se que, com 16 vídeos, 4 vídeos de cada canal e um total de 4 horas 14 minutos e 04 segundos de material analisados, cinco abordagens narrativas são identificadas, sendo essas: 1) protagonismo próprio; 2) beleza/estética; 3) educativo/informativo; 4) ativista/militante e 5) conquistas pessoais. Em análise a esses canais percebe-se, portanto, que há sim a construção de uma representação midiática que atua como uma “contranarrativa” à mídia tradicional do país, uma vez que esta pauta a mulher negra como serviçal, subserviente, coadjuvante, vítima social, tendo seus traços tratados como um problema a ser concertado. Porém, observa-se, nestes canais no YouTube, narrativas que colocam essas mulheres negras como protagonistas, usando seus próprios traços como fonte de inspiração e beleza, se apresentando como “bem sucedidas” e questionadoras da sociedade a sua volta.