Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Mota, Daniela Cristina Belchior
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Orientador(a): |
Ronzani, Telmo Mota
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Banca de defesa: |
Campos, Estela Márcia Saraiva
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Colugnati, Fernando
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Bastos, Francisco Inácio,
Tófoli, Luís Fernando
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Psicologia
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5661
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Resumo: |
Embora sejam escassos na literatura e ainda não desenvolvidos no contexto brasileiro, modelos de planejamento baseados nas necessidades da população são fundamentais para a implementação de serviços para usuários de álcool e outras drogas. A presente tese teve como objetivo construir um modelo de planejamento baseado em necessidades para a rede assistencial para usuários de álcool e outras drogas na população geral no Brasil. Os objetivos específicos foram: (1) Identificar, entre atores-chave de São Paulo, quais serviços deveriam ofertar suporte para desintoxicação, suporte ambulatorial e suporte residencial; (2) Compreender a racionalidade da argumentação dos atores-chave durante o processo de identificação dos serviços, elucidando os principais temas de consenso; (3) Obter estimativas de Necessidades de Serviços em decorrência dos riscos e danos associados ao uso de álcool e outras drogas para a população geral da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP); (4) Obter estimativas de Demanda Potencial para Uso de Serviços para a população que possuiu Necessidades de Serviços em decorrência dos riscos e danos associados ao uso de tais substâncias na RMSP; (5) Desenvolver o modelo de planejamento baseado em necessidades no município de Osasco, a fim de estimar a capacidade ideal de usuários de álcool e outras drogas, a serem atendidos anualmente, em cada um dos pontos da Rede de Atenção Psicossocial. Estes objetivos foram desenvolvidos em três estudos, com materiais e métodos específicos. No primeiro estudo, que visou a atender aos objetivos (1) e (2), foi realizada uma oficina entre 33 profissionais e pesquisadores de São Paulo, os quais foram subdivididos em três grupos, sendo utilizada a Técnica de Grupo Nominal (TGN). Foi realizada análise de conteúdo, do tipo estrutural e temática, para avaliar o debate nos grupos de TGN. Na comparação dos resultados obtidos entre os três grupos, os Centros de Atenção Psicossocial para Usuários de Álcool e outras Drogas (CAPS AD) de tipo III foram designados como unidades-síntese, que englobam todas as modalidades de cuidado. No componente de suporte residencial, foram também indicadas as Unidades de Acolhimento e dispositivos da assistência social. Nas modalidades de desintoxicação e suporte ambulatorial, uma diversidade de serviços foi indicada para a oferta de cuidado aos usuários de substâncias. A caracterização de um modelo assistencial norteado pela integralidade e intersetorialidade contribuiu para a identificação desta heterogeneidade de serviços nas modalidades de suporte para desintoxicação e de suporte ambulatorial, sendo que a superação do modelo manicomial influenciou a indicação de serviços na modalidade de suporte residencial. Considerando a ampla gama de serviços elencados, é importante fortalecer o papel dos serviços brasileiros com relação aos cuidados e às especificidades de práticas que podem ser ofertadas aos usuários de álcool e outras drogas. No segundo estudo, voltado para atingir os objetivos específicos (3) e (4), foram utilizados dados da subamostra de 2.942 respondentes do Estudo São Paulo Megacity, levantamento que avaliou transtornos mentais na RMSP. A referida subamostra foi hierarquizada em cinco categorias de gravidade quanto aos riscos e danos associados ao uso de álcool e outras drogas, possibilitando obter estimativas de Necessidades de Serviços, as quais combinaram critérios de avaliação do uso de substâncias, condições crônicas de saúde e co-ocorrência de transtornos mentais, nos últimos 12 meses. Para a parcela populacional que apresentou riscos e danos, foram geradas estimativas de Demanda Potencial para Uso de Serviços no último ano. Quanto às Necessidades de Serviços, os resultados apontaram que 86,5% da população (categoria 1) não possuiu problemas com o uso de álcool ou outras drogas; 8,9% (categoria 2) necessita de estratégias de prevenção secundária; 3,49% (categorias 3, 4 e 5) teve transtorno devido ao uso de tais substâncias, dentre os quais 1,29% (categorias 4 e 5) necessita de suporte mais intenso e especializado. Com relação à Demanda Potencial, encontramos estimativas de 7,2% (categoria 2), de 25,5% (categoria 3) e de 51,1% (categoria 4), apontando que há um grande contingente de indivíduos que possui transtorno pelo uso de substâncias, mas não percebe a necessidade de ajuda profissional e/ou os cuidados são negligenciados pela rede assistencial. O terceiro estudo, que visou a atender ao quinto objetivo desta tese, foi realizado no município de Osasco, onde dez profissionais atuantes no CAPS AD participaram de um painel Delphi respondendo ao instrumento elaborado para a presente pesquisa, denominado Questionário de Construção de Estimativas para a Alocação de Usuários de Álcool e outras Drogas na Rede de Atenção Psicossocial. A Atenção Básica foi estimada para atender a 100% dos usuários, a Atenção Psicossocial Especializada a 54%, sendo que 19% dos usuários necessitariam de acolhimento noturno nos CAPS AD III, a Atenção de Urgência e Emergência a 37%, a Reabilitação Psicossocial a 35%, Atenção Hospitalar a 20% e a Atenção Residencial de Caráter Transitório a 4%. Os achados apontam para o fortalecimento dos CAPS AD e dos demais pontos da Rede de Atenção psicossocial, e não para uma priorização do componente de atenção residencial. |