Das margens do rio Licungo aos ventos do apocalipse. Vinde todos escutar o novo canto: a sociedade moçambicana sob o prisma da mulher na escrita de Paulina Chiziane

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Érica Luciana de Souza lattes
Orientador(a): Rocha, Enilce do Carmo Albergaria lattes
Banca de defesa: Bezerra-Perez, Carolina dos Santos lattes, Thomaz, Fernanda do Nascimento lattes, Lima, Tânia Maria de Araújo lattes, Oliveira, Maria Antônia de Jesus lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00042
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13198
Resumo: Este trabalho é um estudo sobre dois romances de Paulina Chiziane: O alegre canto da perdiz (2010) e Ventos do apocalipse (1999). Esta pesquisa se fundamenta na tese de que a obra de Chiziane, ao falar de mulher e como mulher, esgaça a ideia de cânone literário quando traz para o centro de seus romances a voz daquelas que foram silenciadas e invisibilizadas, primeiramente pelo poder colonial português e, na sequência, pela estrutura patriarcal, especialmente do sul de Moçambique, lugar onde essa estrutura foi legitimada e incentivada pela dominação colonial. Dessa forma, a autora demonstra, através de seus textos, sua competência em apresentar outras Áfricas desconhecidas, tanto pelo mundo ocidental, quanto pelo próprio mundo patriarcal moçambicano, e problematiza cada um dos espaços em que elas se inserem. Para justificar tal afirmação, buscaram-se elementos que distinguissem a obra da referida autora das demais escritoras moçambicanas. A conclusão depreendida é que Paulina Chiziane utiliza sua escrita, que é um espaço de poder, para reverberar as vozes das inúmeras mulheres moçambicanas. As narrativas carregam consigo as dores e reflexões femininas que, por séculos, foram ignoradas e silenciadas pela sociedade patriarcal moçambicana. É assim que O alegre canto da perdiz traz a história de Moçambique sob a dominação colonial, mas relida pelo olhar feminino. Em Ventos do apocalipse a mesma releitura acontece, mas agora ela se dá sobre os conflitos desencadeados pela guerra civil que assolou o país após o processo de independência. Além dos aspectos citados, esta pesquisa pretende se constituir como um trabalho no campo das Literaturas Africanas, capaz de contribuir para implementação da Lei Federal 10.639/03 no ensino brasileiro, visto que ainda há carência de trabalhos acadêmicos que abordem tais estudos.