Fatores que afetam a detectabilidade da toninha (Pontoporia blainvillei) em estudos de estimativas populacionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Perez, Federico Sucunza lattes
Orientador(a): Zerbini, Alexandre Novaes lattes
Banca de defesa: Kinas, Paul Gerhard lattes, Schiavon, Daniel Danilewicz lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2220
Resumo: A toninha (Pontoporia blainvillei) é considerada o pequeno cetáceo mais ameaçado de extinção no oceano Atlântico Sul ocidental. Portanto, obter estimativas robustas do tamanho populacional é fundamental para garantir a conservação da espécie. O presente trabalho teve como objetivo investigar o viés de visibilidade em levantamentos aéreos da toninha e, quando possível, utilizá-lo para corrigir estimativas de abundância para essa espécie. Sobrevoos utilizando um helicóptero Robinson R44 foram realizados na Baía da Babitonga, Santa Catarina, para estimar o tempo que a toninha permanece disponível para ser detectada durante levantamentos aéreos. O tempo de superfície foi definido como o período durante o qual um grupo permaneceu disponível visualmente para observadores no helicóptero. Um ciclo superfície-mergulho correspondeu ao início de um intervalo de superfície até o início do próximo intervalo de superfície. Modelos lineares generalizados com efeitos mistos (GLMM) foram utilizados para investigar o efeito de variáveis ambientais e biológicas sobre a proporção de tempo que a toninha permanece disponível para o observador. O viés de disponibilidade foi calculado como proposto por LAAKE et al. (1997). Foram realizadas aproximadamente 15 h de observação durante os sobrevoos com helicóptero. Após a triagem dos dados, sobraram 248 ciclos de superfíce-mergulho registrados em 101 amostragens. O modelo GLMM com maior suporte incluiu apenas o tamanho de grupo como variável explanatória fixa e indicou uma correlação positiva entre a proporção de tempo que grupos de toninha permanecem disponíveis para detecção e o tamanho de grupo. O tempo médio que um grupo de toninhas permaneceu disponível e indisponível para os observadores foi de 16,10 segundos (EP = 9,74) e de 39,77 segundos (EP = 29,06), respectivamente. Assumindo um tempo de janela de 5,77 segundos, o viés de disponibilidade da toninha é de 0,38 (EP = 0,01). A proporção de toninhas disponíveis na linha de transecção que não são detectadas pelos observadores (viés de percepção) foi estimada utilizando os métodos de amostragem de distâncias combinados com marca-recaptura (MRDS) assumindo a independência pontual dos observadores. As detecções utilizadas foram registradas durante levantamentos aéreos (20112014) realizados com a mesma aeronave Aerocommander 500B e os mesmos quatro observadores sempre posicionados no mesmo lugar. Devido à diferença no formato das janelas da frente (janleas-bolha) e de trás (janelas-plana), somente detecções realizadas entre 60º-30º foram selecionadas. Para estimar o viés de percepção foram utilizadas 191 detecções. O modelo MRDS que melhor acomodou os dados teve as covariáveis distância, área (fator) e lado (fator) no componente da marca-recaptura, e distância e Beaufort (fator) no componente 12 da amostragem de distâncias. A partir deste modelo o (0) estimado foi de 0,38 (EP = 0,12). O tempo de superfície da toninha estimado a partir do helicóptero é 13,42 vezes maior do que o estimado a partir de plataformas em superfície e, assim, deve ser utilizado para corrigir o efeito do viés de disponibilidade em levantamentos aéreos. Os resultados indicaram que o viés de percepção para a toninha pode ser substancial, contudo foi constatada a necessidade de mudanças metodológicas para obter uma estimativa robusta desse parâmetro.