Do reinado ao legado na arte transformista no Miss Brasil Gay Juiz de Fora: uma etnografia do campo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rodrigues Junior, Paulo de Oliveira lattes
Orientador(a): Bonadio, Maria Claudia lattes
Banca de defesa: Silva, Elisabeth Murilho da lattes, Green, James Naylor lattes, Gregori, Maria Filomena lattes, Soliva, Thiago Barcelos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Artes
Departamento: IAD – Instituto de Artes e Design
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18130
Resumo: Esta tese tem como objetivo investigar o Miss Brasil Gay e as diferentes aparências que circulam pelo evento. Criado em 1977 por Chiquinho Mota, cabeleireiro de Juiz de Fora, Minas Gerais, o concurso se mantém há mais de quarenta anos, elegendo a mais bela transformista gay do país. As misses, que representam os vinte e seis estados brasileiros e o Distrito Federal, se apresentam em trajes típicos e de gala, destacando aspectos regionais e a ideia de feminilidade. Ao longo dos anos, o concurso se institucionalizou, com a criação de comissões regionais, regulamentos e sua patrimonialização em 2007 pelo município. Neste contexto, o Miss Brasil Gay é compreendido como campo, com regras próprias, nas quais a disputa por reconhecimento e a construção de identidades são centrais. A exigência por práticas estilizadas e cada vez mais específicas moldou a trajetória das artistas transformistas e contribuiu para a história da comunidade LGBTQIAPN+. De tal modo, a pesquisa busca entender o que defino como o campo do Miss Brasil Gay Juiz de Fora, protagonizado por quatro agentes principais: figurinistas, misses, organização e público. Pretende-se analisar como esses sujeitos articulam suas aparências de acordo com os marcadores sociais e resgatar a história do concurso, entrelaçada com as histórias de vida das pessoas envolvidas, para compreender sua relevância artística e cultural na comunidade LGBTQIAPN+ brasileira. Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizo metodologias multifacetadas, incluindo observação direta, fotografia, diário de campo, entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdos disponibilizados pelos próprios agentes em suas plataformas sociais. Debruço-me, também, na literatura sobre a história LGBTQIAPN+ no Brasil, estudos de moda, queer, feministas e de gênero, bem como da cultura visual, patrimônio e memória. Por fim, considero que a competição contribuiu para: 1) desenvolver, transmitir e preservar a arte transformista brasileira, constituindo uma subcultura que ajudou a construir histórias, territórios e uma estrutura institucional e hierárquica própria de distinção; 2) reunir pessoas identificadas como dissidentes sexuais e marcar uma resistência a padrões normativos cis e heteronormativos, mobilizando inquietações e reflexões que promoveram novas ações políticas e artísticas; 3) produzir uma memória através do glamour como um instrumento político, dado que os símbolos e signos institucionalizados da vida política e pública nem sempre foram acessíveis a essas pessoas.