Vidas em jogos: um estudo sobre mulheres envolvidas com o tráfico de drogas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Helpes, Sintia Soares lattes
Orientador(a): Fraga, Paulo César Pontes lattes
Banca de defesa: Ronzani, Telmo Mota lattes, Njaine, Kathie lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/808
Resumo: Propomos concentrar nossa atenção sobre três aspectos em relação à criminalidade no Brasil. Primeiro, o tráfico de drogas tem ganhado papel de destaque nas últimas décadas, aumentando, cada vez mais sua representatividade dentre os demais crimes. Segundo, apesar do protagonismo masculino na maior parte das ações criminosas, a participação feminina em atividades ilícitas tem se destacado, uma vez que a quantidade de mulheres presas, nos últimos anos, sofreu um aumento proporcionalmente superior ao número de homens na mesma condição. O terceiro aspecto, síntese dos dois primeiros, é o aumento de mulheres envolvidas com o tráfico de drogas. Esta tipificação ocupa, atualmente, a primeira, entre os crimes praticados pelas brasileiras que cumprem pena privativa de liberdade. O objetivo desde trabalho é compreender a condição das mulheres envolvidas com o tráfico de drogas na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Entender suas motivações e, principalmente, como o gênero influencia na construção da carreira ilícita. O objeto de estudo foi assim delimitado, uma vez que, ao recorrermos à literatura sobre criminalidade, percebemos a escassez de pesquisas voltadas para a participação feminina nas atividades ilegais. Com esta finalidade, foi realizado um trabalho de campo na Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, local onde a pesquisadora trabalha há aproximadamente quatro anos, metodologicamente, além de contarmos com a observação participante, recorremos a aplicação de 81 (oitenta e um) questionários, direcionados às presas por tráfico de drogas, o que corresponde a 100% das mulheres condenadas sob esta tipificação, e 10 (dez) entrevistas de histórias de vida, nas quais buscamos identificar de que forma a questão de gênero interfere nas relações do tráfico, quais posições, na hierarquia da atividade, as mulheres conseguem alcançar e como as relações sociais vão consolidando a carreira da mulher no tráfico de entorpecentes. Concluímos que parte significativa das entrevistadas consideraram sua entrada e permanência no tráfico de drogas, enquanto uma possibilidade de elevação em sua condição financeira, uma vez que, 58% delas são as provedoras de seus lares. Percebemos também que, apesar de uma série de dificuldades a elas impostas no interior da atividade ilícita, muitas alcançaram postos de trabalho no tráfico considerados significativos, tais como “donas de boca de fumo” e “distribuidora e abastecedora”.