A complexidade curricular no fazer de uma educadora de ciências em uma EJA cada vez mais jovem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Resende, Ana Carolina Costa lattes
Orientador(a): Torres, Mariana Cassab lattes
Banca de defesa: Torres, Clarice Cassab lattes, Silva, Alessandra Nicodemos Oliveira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
EJA
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11339
Resumo: A Educação de Jovens e Adultos (EJA) vive um processo de juvenilização que implica numa modificação do cotidiano escolar e nas relações que se estabelecem entre os sujeitos. Sabe-se que os educadores são centrais no processo de escolarização e na construção dos currículos, sendo necessário reconhecê-los como intelectuais capazes de resistir a ordenamentos rígidos. Dessa forma, o objetivo da pesquisa foi compreender os processos de construção curricular de uma educadora de ciências em uma EJA cada vez mais jovem. Esse trabalho baliza-se nas teorias críticas do currículo, em autores como Gimeno Sacristán e Miguel Arroyo. Configura-se como um estudo que aposta nas contribuições da história oral de vida e da observação com inspiração etnográfica do cotidiano escolar para entender a produção curricular. Aspectos da vida pessoal da educadora da EJA são determinantes no caminho da docência, como inclusive incidem sobre o exercício de sua prática curricular, em especial, no processo de seleção de conteúdos afins à área da saúde e meio ambiente. O funcionamento do sistema educativo posto em ação pela força de atuação de âmbitos diversos, como o âmbito da atividade político-administrativa; o subsistema de participação e controle; a ordenação do sistema educativo; o sistema de produção de meios (recursos, materiais); os âmbitos de criação culturais, científicos, etc; subsistema técnico pedagógico: formadores, especialistas e pesquisadores em educação; o subsistema de inovação e o subsistema prático pedagógico, favorece práticas curriculares estabilizadas e homogêneas pouco permeáveis à presença desafiadora dos jovens. Currículos prescritos também não se organizam em direção às juventudes. Assim, uma primeira aproximação ao âmbito prático-pedagógico, no qual se realiza o trabalho curricular da educadora, revela semelhanças a qualquer aula de ciências: conteúdos canônicos como doenças infectocontagiosas, corpo humano, água e tarefas como cópia do quadro negro, lista de atividades e visto no caderno. A questão do trabalho é abordada de forma incidental. Todavia, mobilizada pelo entendimento que é preciso garantir a presença dos educandos e sua disposição pela matéria, a educadora procura considerar seus interesses no plano da definição curricular, produz recursos, emprega outras metodologias que não apenas a expositiva e aposta em um processo avaliativo sensível ao objetivo de garantir a integralidade da escolarização dos alunos. O diálogo é algo que busca, mas reconhece o quanto é difícil instituí-lo no cotidiano das aulas. Sua formação em serviço na EJA e o contato com os educandos foram fundamentais para realizar o movimento entre a defesa de conteúdos rígidos a serem cumpridos e a tentativa de produzir relações dialógicas que valorem no plano do currículo os interesses dos educandos. Assim, sua prática curricular na EJA se transforma ao longo do tempo e é impactada pela possibilidade de atuar a bastante tempo na mesma escola, pelas vivências formativas que experiencia e pelas oportunidades inusuais de trabalhar integrada com outra docente. Sua visão sobre as juventudes é a de um momento de grandes conflitos e de grande aprendizado. Fala sobre como a princípio as relações interpessoais são interditadas por esses conflitos que com o tempo aprende-se a lidar e a reconhecer a história de vida de cada um. Revela que ser professora da EJA a ensinou a ser mais flexível, mais humana.