“Avaliação dos mecanismos imunológicos associados ao aumento da resistência de animais tratados com Talidomida frente à infecção com Brucella abortus”

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Goyatá, Társila Ferreira Guimarães lattes
Orientador(a): Macedo, Gilson Costa lattes
Banca de defesa: Gomes, Marco Túlio Ribeiro lattes, Correa, José Otavio do Amaral lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Imunologia e Doenças Infecto-Parasitárias/Genética e Biotecnologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/7579
Resumo: A Brucelose é uma zoonose causada por bactérias do gênero Brucella que infectam o homem e uma grande variedade de animais, principalmente o gado. Em humanos causa febre ondulante, endocardite, artrite e osteomielite enquanto em animais causa aborto e infertilidade. Essa enfermidade é considerada a zoonose mais prevalente no mundo, com mais de 500.000 novos casos relatados por ano. Somente no Brasil, a Brucelose causa um impacto econômico estimado de 32 milhões de dólares ao ano. A resposta imune contra a Brucella envolve vários mecanismos da imunidade inata e adquirida entre os quais a citocina IFN-y, típica do perfil TH1, e as células T CD8+ executam um papel de destaque. IFN-y ativa macrófagos induzindo a produção de radicais derivados de oxigênio e nitrogênio essenciais no combate ao patógeno, além de ativar células NK. Já os linfócitos T CD8+ lisam as células infectadas destruindo o patógeno ou deixando-o vulnerável aos mecanismos extracelulares da imunidade. Assim, estes mecanismos são essenciais para o controle efetivo da infecção. Diversos trabalhos têm mostrado que a Talidomida, um derivado do ácido glutâmico, é capaz de induzir a formação de um perfil TH1, com elevada produção de IFN-y, além de co-estimular e induzir a proliferação e produção de citocinas por linfócitos T CD8+. De fato, trabalhos prévios de nosso grupo demonstraram que o tratamento prévio com Talidomida é capaz de aumentar a resistência de camundongos C57BL/6 contra Brucella, aliada ao aumento na produção de citocinas (IL-12 e IFN-y), óxido nítrico e células T CD8+. Assim, uma vez que a Talidomida apresenta um amplo espectro de ações, o objetivo deste estudo foi avaliar outros mecanismos imunológicos afetados pela Talidomida e que estejam associados ao aumento da resistência ao patógeno. Nosso foco não é o tratamento com a Talidomida em si, mas embasar o desenvolvimento de novos compostos ou componentes vacinais que auxiliem no combate a esta importante patologia. Como metodologia, primeiramente foi confirmada a carga bacteriana esplência uma semana após infecção, em animais previamente tratados com Talidomida. Em seguida a proliferação celular e o perfil de células regulatórias foram determinados em esplenócitos derivados de animais tratados e infectados. Em relação a imunidade inata, a ação da Talidomida foi avaliada através da produção de citocinas (IL-6 e TNF-α) e de óxido Nítrico. Por fim, avaliamos a influência da talidomida na sobrevivência de animais “Knockout” para IFN-y após a infecção por Brucella e se o tratamento com a droga é capaz de alterar a proteção induzida pela vacinação com a cepa RB51. Como resultados, foi percebida uma significativa redução na carga bacteriana de animais tratados com Talidomida em relação aos animais não tratados. Essa redução foi acompanhada de um aumento na proliferação linfocitária e da diminuição no percentual de células T regulatórias. Em relação aos macrófagos, foi percebido um aumento na produção de óxido nítrico em células tratadas com a droga após estímulo com a bacteria. Por fim, o tratamento com Talidomida não foi capaz de conferir maior nível de proteção a animais vacinados com a cepa RB51 e nem modificou o tempo de vida de animais “Knockout” para IFN-y infectados com B. abortus. Assim, o presente estudo conclui que a talidomida é capaz de potencializar a eliminação da Brucella abortus in vivo, e que esta potencialização é dependente da produção de IFN-y e óxido nítrico, bem como da redução do perfil regulatório.