Impacto de um protocolo de ajuste da fração inspirada de oxigênio na frequência de hiperoxemia e uso excessivo de oxigênio em pacientes em ventilação mecânica por covid-19
Ano de defesa: | 2022 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
|
Departamento: |
Faculdade de Medicina
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2022/00045 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14374 |
Resumo: | Introdução: Pacientes com pneumonia causada pelo coronavírus (COVID-19) preenchem nas formas mais graves os critérios de síndrome do desconforto respiratório agudo, necessitando de ventilação mecânica e elevadas frações inspiradas de oxigênio (FiO2) para reversão da hipoxemia. A exposição a FiO2 acima do necessário (uso excessivo de oxigênio) e níveis plasmáticos supra fisiológicos de oxigênio (hiperoxemia) podem estar associados à piores desfechos. O controle da oxigenioterapia pela saturação periférica de oxigênio, além de evitar possíveis riscos, auxilia na economia desse insumo, principalmente em período de escassez. Objetivo: Avaliar se um protocolo de ajuste da FiO2 pela saturação periférica de oxigênio em pacientes em ventilação mecânica por COVID-19 pode reduzir a hiperoxemia e o uso excessivo de oxigênio. Métodos: Estudo prospectivo de coortes comparativas realizado em duas unidades de terapia intensiva (UTI) dedicadas ao tratamento de adultos infectados com COVID-19 em ventilação mecânica. Uma UTI, chamada conservadora, adotava um protocolo de ajuste de FiO2 pela saturação periférica de oxigênio e a outra UTI, chamada controle, não seguia nenhum protocolo de ajuste. Foram incluídos pacientes acima de 18 anos, com diagnóstico confirmado de COVID-19, em ventilação mecânica e excluídos pacientes hipoxêmicos nas primeiras 24 horas de intubação, pacientes intubados a mais de 24 horas antes da admissão, pacientes que necessitaram de menos de 48 horas de suporte ventilatório e pacientes em cuidados paliativos. Ambas as unidades utilizavam parâmetros protetores de ventilação mecânica. Os dados clínicos e laboratoriais foram coletados na admissão e os parâmetros ventilatórios e gasométricos nos dias 1 (D1) e 2 (D2) de ventilação mecânica. Foi definida como hiperoxemia a PaO2 >100 mmHg e definido como uso excessivo de oxigênio o emprego de FiO2 >60% em pacientes com hiperoxemia. Hiperoxemia sustentada foi definida como a presença de hiperoxemia tanto no D1 como no D2. Os desfechos secundários incluíram ocorrência de hipoxemia (PaO2<55 mmHg, independente da FiO2); número de dias livres de ventilação mecânica em 28 dias; tempo de permanência na UTI; mortalidade na UTI, mortalidade hospitalar, em 28 e 60 dias. Resultados: Oitenta e dois pacientes foram incluídos na UTI conservadora e 145 na UTI controle. Houve menor prevalência de hiperoxemia no D1 (40,2% vs. 75,9%, p <0,001), hiperoxemia no D2 (32,9% vs. 65,5%, p p <0,001) e de hiperoxemia sustentada (12,2% vs. 49,6%, p <0,001) na UTI conservadora. O uso excessivo de oxigênio também foi menos frequente na UTI conservadora no D1 (18,3% vs. 52,4%, p <0,001) e no D2 (10,9% vs. 35,2%, p <0,001) Ser admitido na UTI controle foi um fator independente associado à hiperoxemia (OR = 9,04, IC95% entre 3,94-20,73, p <0,0001) hiperoxemia sustentada (OR = 6,73, IC95% entre 2,98-15,19, p <0,0001 e ao uso excessivo de O2 (OR = 4,85, IC95% entre 2,44-9,61, p <0,001). Análise multivariada não encontrou relação entre hiperoxemia no D1, hiperoxemia sustentada ou uso excessivo de O2 quanto a mortalidade ou outros desfechos clínicos. Conclusão: Seguir um protocolo de ajuste da FiO2 foi associado a menos hiperoxemia e uso de oxigênio. Embora esses resultados não estejam associados com melhores resultados clínicos, adotar um protocolo de ajuste da FiO2 pode ser útil e seguro em um cenário de menor oferta de insumos como visto durante a pandemia de COVID19. |