Compostos de discurso direto no português do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Costa Júnior, José Carlos da lattes
Orientador(a): Rocha, Luiz Fernando Matos lattes
Banca de defesa: Gonçalves, Carlos Alexandre Victorio lattes, Almeida, Sandra Aparecida Faria de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2606
Resumo: O objetivo desta dissertação é identificar, descrever e analisar Compostos de Discurso Direto (CDDs) no Português do Brasil. Essa construção lexical se caracteriza por apresentar, prototipicamente, um nome e um modificador de interação fictiva, este manifesto pelo discurso direto, instanciando-se em exemplos como “A turma do eu me acho”, “A postura do eu concordo, mas não sei como fazer” e “maquiagem nasci linda”. O arcabouço teórico utilizado reúne autores de Linguística Cognitiva (LANGACKER, 2008; TALMY, 2000; FAUCONNIER e TURNER, 2002; LAKOFF e JOHNSON 1980, 1999), baseando-se mais especificamente nos estudos de Pascual (2002, 2006, 2014) sobre Interação Fictiva e Compostos de Discurso Direto. Metodologicamente, realizou-se uma pesquisa qualitativa na internet e uma pesquisa mista (qualitativa e quantitativa) no C-Oral (RASO e MELLO, 2012). A pesquisa na internet visava a estudar a manifestação dos CDDs e seu ambiente discursivo em diversos gêneros escritos ou orais. A pesquisa no corpus C-Oral visava prioritariamente a quantificar a ocorrência dos CDDs e o ambiente discursivo desses compostos em fala espontânea. Na pesquisa do referido corpus, utilizou-se o Corpuseye para a primeira verificação dos dados no C-Oral. Posteriormente, o C-Oral foi ouvido e lido em toda sua extensão. Em ambas as etapas da pesquisa, na internet e no referido corpus, a busca foi baseada em 92 núcleos nominais, sendo 50 deles sugeridos por Pascual (2014) e 42 propostos nesta dissertação, como comumente modificados por discurso direto. A análise dos dados revelou quatro tipos de padrões de CDD: (I) (S)N + MODIFICADOR DE DISCURSO DIRETO, (II) S(N) + PREPOSIÇÃO “DE” + MODIFICADOR DE DISCURSO DIRETO, (III), S(N) + (PREPOSIÇÃO “DE’’) + ANGULADOR (TIPO) ASSIM + DISCURSO DIRETO e (IV) NOME+ MORFEMA DE DISCURSO DIRETO (em uma mesma palavra). Foram encontrados 44 exemplos de ocorrências de CDD na pesquisa da internet e 1 em toda a extensão do corpus C-Oral. O padrões mais produtivos foram II, I, III e IV, nessa ordem. Defende-se que um CDD é entendido de forma não composicional, mas cada uma de suas partes possui um potencial metonímico e complexidade conceptuais diferentes, sendo o modificador de discurso direto o mais metonímico e complexo. Nesse sentido, o modificador do CDD funciona como trajetor ao invés de marco, ou seja, o oposto da formação SN + modificador comum. O modificador de discurso direto funciona como um adjetivo e, sintaticamente, como adjunto adnominal, independente de seu tamanho. Em geral, o uso de CDDs é uma forma de veicular um conteúdo não disponível de outra forma no léxico, em forma de adjetivos, com efeitos discursivos tais como síntese, humor, generalização e crítica social. O fato de usar um discurso direto como modificador nominal também reforça a hipótese de que o léxico não é estático, e que a gramática é moldada pelo uso, neste caso, pela capacidade dos seres humanos de abstraírem de suas interações cotidianas formas inovadoras de utilizar a linguagem.