Biometria do pênis hipospádico após terapia hormonal: testosterona x estradiol – ensaio clínico randomizado duplo cego

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Paiva, Kelly Christina de Castro lattes
Orientador(a): Bastos Netto, José Murillo lattes
Banca de defesa: Barroso Júnior, Ubirajara de Oliveira lattes, Toledo, Antônio CarlosTonelli de lattes, Gomes, Carlos Augusto, Bóscollo, Adriana Cartafina Perez lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5613
Resumo: Introdução: O uso da estimulação hormonal androgênica pré-operatória antes da correção cirúrgica da hipospádia visa aumentar o tamanho do pênis e alcançar melhores resultados cirúrgicos. No entanto, uma avaliação mais objetiva, buscando os efeitos sistêmicos e locais após estimulação hormonal tópica ainda está em falta na literatura. Quanto aos estrogênios, eles são identificados como potenciadores nos processos de reparação dérmica e na aceleração de cura em feridas. Atuam estimulando a deposição de matriz de tecido de granulação, causando contração da ferida e a re-epitalização. Sendo assim, entendemos ser o estrogênio mais um recurso que poderá ser utilizado, a fim de melhorar as condições anatômicas e teciduais do pênis hipospádico, que ainda permanece como um grande desafio para os cirurgiões e urologistas pediátricos. Objetivos: Avaliar os efeitos do uso tópico da testosterona e do estradiol no pré-operatório de crianças com hipospádia sobre as medidas penianas (biometria), efeitos colaterais e as alterações hormonais séricas. Pacientes e método: Sessenta e nove crianças com hipospádia concluíram o estudo e foram divididas aleatoriamente em 3 grupos: Grupo Controle: 17 crianças que utilizaram creme hidratante (placebo), Grupo Testosterona, composto por 28 meninos que utilizaram proprionato de testosterona a 1% e Grupo Estradiol: 24 crianças que utilizam estradiol 0,01%. Os cremes hormonais e o placebo foram utilizados topicamente em todo o pênis, duas vezes por dia durante 30 dias antes da correção cirúrgica. Verificação dos efeitos colaterais e dosagens sanguíneas (testosterona total e livre, estradiol, FSH e LH) foram realizadas antes, 30, e 90 dias após o tratamento. Avaliação biométrica peniana, feita antes e após 30 dias do estímulo hormona, incluiu as medidas do comprimento do pênis à tração máxima, o diâmetro do corpo do pênis e da glande, distância do meato uretral até a ponta do pênis e a largura da placa uretral. Resultados: A média de idade das crianças foi de 3,4 anos. Quarenta e cinco crianças eram portadoras de hipospádias anteriores (23 coronais e 22 subcoronais), 13 médio penianas, 3 proximais e 8 penoescrotais. Um aumento significativo no comprimento do pênis, o diâmetro do pênis e da glande foram observados após 30 dias no grupo que fez uso do propionato de testosterona a 1% (p = 0,0005, p = 0,0094, p = 0,0026, respectivamente). As crianças que usaram creme de estradiol 0,01% por 30 dias não mostraram alterações estatisticamente significativas em qualquer das medidas penianas, assim como as do grupo controle. Após 30 dias, no grupo testosterona, 24/28 (85%) apresentaram pelos pubianos e 21/28 (74%) apresentaram escurecimento da pele genital. No grupo estradiol, 3/24 (14%) apresentaram pelos pubianos e 12/24 (50%), escurecimento da pele genital. Na avaliação após 90 dias do uso hormonal, essas alteraçõs não foram persistentes em ambos os grupos. Acnes e ginecomastia não foram observadas em nenhuma criança. Todas as taxas hormonais não apresentaram variações com significância estatística e tenderam ao retorno ao nível basal após 90 dias. Conclusão: O uso préoperatório da testosterona tópica causou aumento no tamanho e diâmetro do pênis, no diâmetro da glande, o que não aconteceu com o uso de estradiol. Efeitos colaterais foram transitórios, sendo o aparecimento de pelos pubianos e escurecimento da pele genital os mais observados. Alterações hormonais significativas e persistentes não foram notadas em nenhum grupo deste estudo.