A pedagogia da variação linguística na escola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Thomaz, Joseli Rezende lattes
Orientador(a): Cyranka, Lucia Furtado de Mendonça lattes
Banca de defesa: Faraco, Carlos Alberto lattes, Magalhães, Tania Guedes lattes, Oliveira, Mariângela Rios de lattes, Lima, Carmen Rita Guimaraes Marques de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/443
Resumo: Compreender o conceito de norma, bem como a distinção entre norma padrão, norma gramatical e norma culta pode nos ajudar a desfazer alguns equívocos cometidos há muito no ensino de Língua Portuguesa sobre o “certo” e “errado” em língua e viabilizar o trabalho com a pedagogia da variação linguística na escola. O presente trabalho faz, então, um breve histórico da construção do conceito de gramática, mostrando como e por que se construiu, ao longo da cultura ocidental, a ideologia do padrão ligado ao "melhor" em linguagem. No entanto, ao partirmos da concepção sociolinguista de que a língua é heterogênea, múltipla e variável, um trabalho coletivo empreendido por todos os seus falantes nos diversos processos de interação, entendemos que o fenômeno da variação é um processo intrínseco à língua. Foi o linguista Eugênio Coseriu, no início da década de 1950, que conceituou norma como um conjunto de fenômenos linguísticos que são comuns, corriqueiros numa dada comunidade. Assim sendo é possível concluir que não há uma única norma. Como destaca Faraco (2008), toda língua tem uma organização estrutural. No entanto a escola, muitas vezes, continua a ensinar uma língua artificial, condenando a maioria dos usos correntes, sem levar em conta os fatos da língua usual. Em vista disso, faz-se necessária uma reeducação sociolinguística que passe não só pelos alunos, mas primeiramente, e principalmente, pelo próprio professor, uma vez que este não pode compartilhar dos mesmos conceitos preconceituosos e arcaicos que circulam no senso comum. A partir da concepção dialógica da linguagem (BAKTIN, 2006) e do modelo de descrição e interpretação do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas de grande impacto na Linguística contemporânea (LABOV, 1974), desenvolvi uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede particular de ensino da cidade brasileira de Juiz de Fora (MG), usuários de uma das variedades urbanas prestigiadas da língua portuguesa. A análise contrastiva de estruturas dos diferentes dialetos presentes no contínuo rural-urbano, bem como nos contínuos de monitoração estilística e de oralidade letramento (BORTONI-RICARDO, 2004) permitiu fazê-los entender esse complexo fenômeno, natural em todas as línguas. Impor uma norma padrão fossilizada, através da decoreba da gramática normativa, é uma forma de anular a cultura do aluno, além de desvalorizar sua fala, tratando-o como incapaz. Na verdade, o que é necessário é que a escola desenvolva uma pedagogia da variação linguística sensível às diferenças sociolinguísticas e culturais dos alunos, mas isso requer compreensão e mudança radical na postura de professores, alunos e da sociedade em geral.