"Intervalo para Conversa": a carta do leitor de revista e a formação do público da tv brasileira nos anos 1960 e 1970

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Magnolo, Talita Souza lattes
Orientador(a): Musse, Christina Ferraz lattes
Banca de defesa: Thomé, Claudia de Albuquerque lattes, Mafra, Rennan Lanna Martins, Tavares, Frederico de Mello Brandão, Barbosa, Marialva Calos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Comunicação
Departamento: Faculdade de Comunicação Social
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
TV
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00041
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15208
Resumo: Esta tese investiga sobre as relações estabelecidas entre a revista Intervalo (1963-1972), da Editora Abril e seus leitores através da análise da seção de cartas, “Intervalo para Conversa”. A nova era da comunicação de massa no Brasil, representada pelo início da TV, em 1950, caracterizou-se pelo surgimento de novos hábitos de consumo de conteúdos midiáticos. A década de 1960 presenciou o fortalecimento do mercado editorial especializado em TV, com a revista Intervalo enquanto importante exemplo de disseminação da programação televisiva nacional, através de diversas estratégias editoriais para se aproximar do seu leitor. A partir deste contexto, a pergunta de partida da nossa pesquisa foi: “como a relação criada a partir das seções fixas, em especial da “Intervalo para Conversa”, contribuiu para formar o público de TV no Brasil nas décadas de 1960 e 1970?”. Além disso, questionamos: “como que a revista se apresentou como materialidade / textualidade / dispositivo central à emergência de relações entre públicos e televisão?”. Para responder a essa questão, realizamos, um estudo histórico, que aprofundou em questões sociais, políticas e culturais sobre o início da televisão no Brasil e quais foram as principais mudanças para o leitor, que a partir daquele momento também se tornara telespectador. A TV se tornou uma experiência cultural e, com isso, as mudanças comportamentais serviram de contexto para a criação das revistas especializadas em televisão. Tendo, portanto, a seção “Intervalo para Conversa” como nosso corpus, optamos por utilizar a Análise de Conteúdo que nos ajudou a organizar e categorizar as 441 edições digitalizadas na Hemeroteca Digital, as 111 seções fixas e as 13 seções de leitores. A análise desse material permitiu o entendimento das relações estabelecidas entre a revista e seu leitor, bem como a correlação de temas abordados e o momento histórico em que estavam inseridos. Além disso, foi possível criar inferências sobre quem era o leitor de Intervalo, como ele se relacionou com a televisão, quais foram seus modos de participação e qual foi a relação estabelecida com a revista. O trabalho concluiu, então, que os modos de participação do leitor na seção mudaram ao longo dos anos, em consequência do desenvolvimento da TV e da formação da comunidade de telespectadores; a revista assumiu um papel pedagógico ostensivo através de uma formação sobre a TV brasileira, sobre suas lógicas e ao ensinar ao seu leitor como lidar com esse novo cenário midiático; o relacionamento construído se conforma dentro de um mundo apolítico, um mundo fantasia, uma construção paralela da realidade feita pela revista, cujo padrão de valores comportamentais e sociais em vigor na época, que, inclusive, iam de encontro de aspectos que a própria ditadura militar brasileira e o governo defendiam; por fim, o leitor, por sua vez, não é só uma figura em que é possível inferir, idade, classe social, cidade, mas um substrato da relação. A análise olhou para um leitor que passava por um momento de transição, não somente para telespectador, mas, também, para um consumidor de uma mídia específica, a televisão. O que emerge, portanto, são agenciamentos, ações, posturas ideológicas e editoriais.