Variação linguística na fala rural: uma análise de dois municípios da Zona da Mata de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Ribeiro, Patrícia Rafaela Otoni lattes
Orientador(a): Lacerda, Patrícia Fabiane Amaral da Cunha lattes
Banca de defesa: Ricardo, Stella Maris Bortoni de Figueiredo lattes, Rodrigues, Silvia Vieira lattes, Salgado, Ana Cláudia Peters lattes, Fortes, Fábio da Silva lattes, Coelho, Sueli Maria lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5379
Resumo: O presente estudo objetiva contribuir para a compreensão da variação linguística na fala da zona rural de duas localidades na microrregião de Juiz de Fora, a qual se localiza na Zona da Mata de Minas Gerais. Trata-se de uma investigação com o respaldo teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972, 1982, 1994, 2001) e com contribuições dos estudos sobre Redes Sociais (MILROY, 1980, 1987, 2004; MILROY & MILROY, 1985; BORTONI- RICARDO, 1985, 2011) e Sociologia Rural (ABRAMOVAY, 2000; WANDERLEY, 1994, 1998, 2009). Partindo da hipótese de que as descrições existentes sobre o falar rural não dão conta da complexidade do delineamento sociolinguístico dos espaços rurais na atualidade, a pesquisa analisa dez fenômenos do falar rural elencados por Amaral (1920) e Castilho (2010) e contrasta-os aos dados obtidos através de 24 entrevistas sociolinguisticamente orientadas, com 12 informantes da zona rural do município Oliveira Fortes-MG e 12 informantes da zona rural do município Belmiro Braga-MG. Assim, foram observadas as variações em relação à: i) ditongação das vogais tônicas seguidas de sibilante no final das palavras; ii) perda da vogal átona inicial; iii) perda da distinção entre ditongos e vogais em contexto palatal; iv) perda da nasalidade e monotongação dos ditongos nasais finais; v) troca de [l] por [r] em grupos consonantais; vi) iodização da palatal /λ/; vii) perda da consoante [d] quando precedida de vogal nasal; viii) perda do [l] no pronome pessoal de terceira pessoa; ix) simplificação da concordância nominal; e x) simplificação da concordância verbal. Dentre os resultados, constata-se que as duas localidades apresentam variantes tipicamente rurais elencadas nos estudos anteriores, mas a discrepância nos percentuais das variantes conservadoras entre Belmiro Braga-MG e Oliveira Fortes-MG (46,3% e 75,5%, respectivamente) indica um continuum de ruralidade entre as zonas rurais, o qual pode ser mensurado por meio da frequência de traços graduais e descontínuos. Entre os moradores das zonas rurais, também há gradações de ruralidade. Verifica-se, ainda, que as variáveis sociais (intensidade, complexidade e distância em relação ao meio urbano; configuração das redes sociais; sentimento de pertencimento; grau de instrução; ocupação; estrato socioeconômico; sexo; idade; e acesso aos meios de comunicação) se correlacionam no delineamento da fala rural, em suas descontinuidades e gradações. Dessa forma, defende-se que o espaço rural é um território linguístico heterogêneo, no qual a investigação sociolinguística precisa ser fomentada para que a diversidade linguística presente nas zonas rurais brasileiras seja respeitada, valorizada, mas, antes de tudo, conhecida.