“Que horas ela volta?” A trajetória de mulheres periféricas que usam drogas na busca por acolhimento nos serviços de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ribeiro, Thamiris lattes
Orientador(a): Perucchi, Juliana lattes
Banca de defesa: Queiroz, Isabela Saraiva de lattes, Paiva, Sabrina Pereira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17513
Resumo: As discussões sobre o uso de drogas feito por mulheres tem sido uma pauta negligenciada pelo Estado e vida dessas mulheres segue sendo tratada pela via proibicismo, do encarceramento e pelos discursos produzidos sobre elas por aqueles se intitulam como especialistas. Com o objetivo de escutar sobre as vivências dessas mulheres, a partir das histórias contadas por sua próprias vozes, o presente estudo buscou investigar, tendo como ferramenta analítica a Interseccionalidade, sobre como se dá o processo de acolhimento de mulheres periféricas que usam drogas nos serviços de saúde da rede pública, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Para isso, adotou-se como processo metodológico a Genealogia da Experiência, a fim de (re)fazer os caminhos junto a essas mulheres pela Rede de Atenção Psicossocial e a outros lugares da cidade, que foram sendo apresentados por elas ao longo da pesquisa, casas e abrigos, serviços de assistência social, pontos de ônibus e semáforos, localizados tanto na região centrla quanto nas periferias da cidade. Junto às mulheres, foi construído um grupo de bordado em um dos serviços, que foi marcado por trocas e vivências sobre os atravessamentos do uso de drogas na vida de cada uma delas. A partir dos movimentos gerados ao longo de todo o processo, esta pesquisa discute sobre as violências que são brutalmente direcionadas as mulheres que usam drogas, as feridas que são geradas em suas vidas, e a costante negação dos seus direitos e da sua humanidade, que passa pela construção de barreiras ao acesso a moradia, a alimentação de qualidade, a educação, ao cuidado em saúde. Ademais, sustentam que as violências de gênero, o racismo estrutural, as desigualdades sociais atravessam o processo de acolhimento e os corpos dessas mulheres, que reproduz as opressões sofridas por elas em outros territórios, o que faz com que o uso de drogas seja recorrido para amenizar as dores causadas por essas e outras feridas, como o abandono dos filhos, a rejeição da família, a situação como moradoras de rua e as violências sofridas nos seus relacionamentos amorosos. Assim, aponta-se que existem ausências e lacunas no processo de acolhimento das mulheres usuárias de drogas nos serviços, que denunciam a forma como a vida dessas mulheres tem sido tratada pelo Estado e que tais carências são atravessadas pela Política de Guerra às Drogas, que no Brasil, ainda as têm como alvo por serem mulheres e negras e periféricas e usuárias de drogas.