Os “(não)ditos” das relações étnico-raciais nas licenciaturas em pedagogia e química da Universidade Federal de Juiz de Fora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Canuto, Lívia Torquato Ventura lattes
Orientador(a): Silva, Ana Carolina Araújo da lattes
Banca de defesa: Carvalho, Francione Oliveira lattes, Santos, Paloma Nascimento dos lattes, Rotta, Jeane Cristina Gomes lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17055
Resumo: Esta dissertação está inscrita no âmbito das pesquisas qualitativas tendo como questão de pesquisa: Quais os “(não)ditos” sobre as Relações Étnico-Raciais (RERs) nos cursos de Licenciatura em Química e Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)? Portanto, o seu objetivo incide sobre a investigação dos “(não)ditos” sobre a temática das RERs nesses cursos a partir dos Projetos Pedagógicos do Curso (PPCs) vigentes até o ano de 2023 e de entrevistas-conversas com docentes negros/as. Para isto, o primeiro movimento analítico foi identificar os documentos legais que fundamentam e tornam obrigatória a temática das RERs na formação de professoras/es da UFJF. Assim como, identificar se esta temática está incluída nos currículos ativos e, em caso afirmativo, como está apresente. Desta forma, analisamos nos PPCs: a) se os termos “Relações Étnico-Raciais”, “Lei n.º 10.639/2003”, “Cultura”, “Raça” e “Afro-brasileiro/a” estavam presentes e onde foi identificado; b) se havia disciplinas que contemplavam a temática das RERs; c) caso fosse confirmada a presença dessas disciplinas, quais seriam o caráter delas: obrigatória ou eletiva; d) e suas ementas. Com base no referencial teórico da Lei n.º 10.639/2003, os principais resultados revelaram que no PPC de Licenciatura em Química (2020) não há indícios da abordagem das RERs, sinalizando um possível silenciamento acerca da temática na formação de professoras/es de Química. Já nos PPCs de Pedagogia (2011 e 2022), os principais resultados apresentaram que há ditos sobre as RERs a partir de duas disciplinas obrigatórias no PPC do ano de 2011, que já abordavam as questões étnico-raciais. No entanto, ao comparar a ementa de uma dessas disciplinas do PPC de 2011 com a de 2022, observamos que houve um retrocesso na abordagem da temática. Também foi observado que, após o ano de 2017, houve um aumento de disciplinas que implementam a Lei n.º 10.639/2003. A partir das análises tecidas acerca desses documentos curriculares e no intuito verificar se esses “(não)ditos” se prolongavam na prática docente, convidamos alguns docentes negros, vinculados a estes cursos, para participarem dessa pesquisa. Como instrumento para a construção dos dados, utilizamos as entrevistas-conversas que foram posteriormente transcritas e analisadas a partir do referencial teórico da Teoria Racial Crítica (TRC). Os resultados apontaram que não houve indícios do engajamento das/os docentes do curso de Pedagogia da UFJF com a abordagem das RERs e que temáticas, como a das RERs, ficam restritas a determinadas/os docentes. Antes de entrevistar a e o docente do curso de Pedagogia, tínhamos a seguinte hipótese: as discussões acerca das RERs adentraram ao curso de Pedagogia, a partir de movimentos iniciados pelo docente Munanga. No entanto, após entrevistá-lo, a nossa hipótese foi refutada, visto que esse movimento é anterior ao ingresso deste docente. Portanto, esta pesquisa tomou uma nova direção: entrevistamos outros dois docentes da Pedagogia, o decano e o coordenador do curso na época da implementação do PPC de Pedagogia do ano de 2011, fato que nos possibilitou conhecer sobre histórico de criação da disciplina Educação e Diversidade Étnico-Racial. Sendo esta criada pela docente Petronilha. Neste estudo, consideramos que esta docente é uma figura importante para o curso de Pedagogia. Todavia, percebemos indícios de seu apagamento, dado que esta docente foi citada pelos docentes deste curso que participaram dessa pesquisa. Ressaltamos que Petronilha e Munanga são pseudônimos para a e o docente entrevistada/o. Em contrapartida, as entrevistas-conversas com os docentes negros do curso de Licenciatura em Química confirmaram o silenciamento já analisado no PPC. Em uma das entrevistas-conversas com um desses docentes, este nos apresentou um cenário para pesarmos na implementação desta temática: um departamento hostil às questões raciais e com relatos de discriminações raciais vivenciadas por esse docente.