Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Freire, Eduardo Alvim Passarella
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Orientador(a): |
Ferreira Filho, Pedro Calixto
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Banca de defesa: |
Souza, Humberto Aráujo Quaglio de
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Alt, Guido José Rey
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Filosofia
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18133
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Resumo: |
O presente trabalho pretende tratar de uma questão inerente à unidade do opus magnum de Agostinho a saber: as Confissões. A obra se nos apresenta de maneira não coesa, pois envolve três elementos constitutivos: teses teológicas e filosóficas e narrativas autobiográficas. Tais teses são e devem legitimamente serem abordadas pela Teologia, pela Filosofia e pelas Letras Clássicas. Resta, no entanto, uma questão de grande importância: há uma unidade na presente obra? A linguagem eloquente, enquanto potência de expressão na dada língua, enquanto estrutura própria de uma cultura, se abrem para a possibilidade de comunicação e criação, isto é, não somente demonstrar, mas comover e gerar a conversão. A fala e a escrita, expressões da linguagem, não reproduzem somente os sentidos, mas também criam uma disposição interna daquele que ouve e daquele que fala, daquele que escreve e daquele que lê. Agostinho, em sua maneira de exprimir através de diálogo apresenta as Confissões como triálogo (com Deus, com o leitor e consigo mesmo). Assim, o Bispo de Hipona não visa simplesmente demonstrar, ele quer criar, excitar uma disposição interna sem abandonar a comunicação e o ato de mostrar da mesma. Ademais, levantamos a seguinte hipótese de pesquisa: a unidade das confissões e a escolha da eloquência como meio de transmissão se dá, sobretudo, pelos temas abordados na obra. Optamos por qualificar tais temas como fenômenos abissais, sejam eles: fenômenos desmedidos, sine mensura (do latim – sem medida, incapacidade de determinação de grandeza ou de aferição e impossibilidade de ser mensurado). Diante da desmedida, mediante o abismo que tais fenômenos provocam em nossa alma inquieta, eles não podem ser calados. Porém, como deles falar? Agostinho, diametralmente, opta em contraposição ao Discurso Apofântico, justamente, por este conter em si a incapacidade inexpressiva (limitação da linguagem) em proferir a potencialidade máxima dos fenômenos incomensuráveis que transcendem os limites da mensuração declarativasignificativa do verbum humano. A eloquência passa a ser a solutio para o transmitir plenamente as riquezas e as complexidades das experiências, interpretações, representações, significados, conceitos, prismas, afetos e dores que transcendem as intrínsecas limitações da linguagem humana lógico-predicativo, como por exemplo: o desejo de eternidade, a consciência da mortalidade, a presença da memória que transgrede o tempo se fazendo confissão. |