Avaliação auditiva e do desenvolvimento da linguagem de 1 a 4 anos em nascidos expostos à Infecção Gestacional pelo Vírus Zika

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Dias, Liora Gonik lattes
Orientador(a): Frônio, Jaqueline da Silva lattes
Banca de defesa: Molini-Avejonas, Daniela Regina lattes, Tibiriçá, Sandra Helena Cerrato lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação e Desempenho Físico-Funcional
Departamento: Faculdade de Fisioterapia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12444
Resumo: O reconhecido neurotropismo do vírus Zika, sugere que os órgãos auditivos e suas vias neurais podem ser afetados nas infecções pré-natais. Entre as possíveis manifestações estão alterações audiológicas e de linguagem, mas até o momento os dados da literatura são inconclusivos. Objetivos: verificar a prevalência de alterações auditivas precoces e tardias em crianças com Infecção Gestacional por vírus Zika (IGVZ), avaliar entre 14 e 47 meses o desenvolvimento da linguagem nesta população e sua possível correlação com as alterações encontradas nos exames auditivos. Métodos: estudo longitudinal, prospectivo, observacional de nascidos em Juiz de Fora e macro região, com diagnóstico confirmado de infecção por vírus Zika (VZ) durante a gestação. Foram programadas coletas entre 1 e 4 anos de idade quanto à audição, com o teste de Emissões Otoacústicas por Transientes (EOAT), Imitânciometria e o Potencial Evocado de Tronco Encefálico (PEATE), e a linguagem, com a Escala de Linguagem da Escala Bayley de Avaliação do Bebê e da Criança Pequena – Terceira Edição. Resultados: foram incluídos 15 participantes e a grande maioria estava com idade superior a dois anos quando realizou os exames audiológicos. Foram encontradas alterações auditivas em oito (53,33%) participantes, sete (46,67%) apresentaram baixo desempenho na linguagem em pelo menos uma das idades avaliadas e um participante apresentou perda auditiva precoce (6%), de origem neurossensorial, acompanhada de baixo desempenho na linguagem. Três (20%) participantes apresentaram todos os exames audiológicos alterados, todos com comprometimento da linguagem na mesma idade, e dois (13,33%) participantes com extensas malformações no sistema nervoso central (SNC), apresentaram importante atraso de linguagem, apesar dos resultados dos exames audiológicos estarem dentro da normalidade. Considerando três faixas etárias onde houve maior comparecimento separadamente, nove pré-escolares foram examinadas com 30 ou 31 meses, sendo quatro (44,44%) com desempenho abaixo do esperado para a idade na Escala de Linguagem da Bayley III, quatro (44,44%) com alteração em pelo menos um teste auditivo e dois (22,22%) com esses dois desfechos simultaneamente. Na faixa de 36 a 38 meses foram avaliados 11 pré-escolares e três (27,27%) tiveram alteração em pelo menos um teste auditivo e nenhum mostrou comprometimento da linguagem. Na idade de 40 a 42 meses, oito pré-escolares foram examinados e dois (25%) mostraram baixo desempenho na aquisição de linguagem, três (37,50%) com alterações em pelo menos um dos testes auditivos e um (12,50%) teve esses dois desfechos. Conclusão: houve prevalência semelhante à encontrada em outras condições de risco para perda auditiva precoce e alta prevalência de perda auditiva tardia, de caráter flutuante, em lactentes e pré-escolares com IGVZ. O desenvolvimento da linguagem ficou abaixo do esperado para a idade quando os três exames audiológicos foram sugestivos de perda auditiva de condução, quando houve perda auditiva precoce ou na existência de extensas lesões do SNC. Os resultados reforçam a importância dos exames audiológicos, especialmente o PEATE morfológico e de limiar auditivo, no acompanhamento dos casos de IGZV pelo menos até os três anos de idade.