Expectativas pós-cárcere de mulheres privadas de liberdade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Camila Martins da lattes
Orientador(a): Leite, Isabel Cristina Gonçalves lattes
Banca de defesa: Santos, Luciane Loures dos lattes, Paiva, Sabrina Pereira lattes, Castro, Marina Monteiro de Castro e lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2022/00196
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14481
Resumo: Ao analisar o perfil das mulheres privadas de liberdade no Brasil é possível reconhecer o impacto das desigualdades sociais em nossa sociedade. A trajetória de vida dessas mulheres, majoritariamente, é marcada pela pobreza e pela violência, denunciando um sistema penal seletivo que prioriza o encarceramento de determinados crimes e população: jovens, negras, com baixa escolaridade e envolvidas com o tráfico de drogas. Quando egressas do sistema prisional, essas mulheres enfrentam grandes dificuldades de reinserção social, sobretudo nas condições de trabalho, inserindo em ocupações mais precárias devido à baixa qualificação profissional e a condição de ex-presidiária. A vivência no cárcere é marcada por múltiplas formas de violência, implicando em agravos à saúde dessa população e nas expectativas após o período de reclusão. A implementação de políticas públicas é fundamental para as condições de vida após o encarceramento e para a diminuição da reincidência criminal, principalmente, mediante o crescimento do encarceramento feminino do Brasil nos últimos anos. A partir desse cenário, essa pesquisa objetivou verificar as expectativas sobre a vida pós-cárcere com relação à condição de saúde e de trabalho das mulheres privadas de liberdade do Anexo Feminino Eliane Betti, no município de Juiz de Fora/MG. Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal realizado por meio de censo com 99 mulheres. A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro de 2019 e fevereiro de 2020. O instrumento de coleta de dados, de natureza multidimensional, foi composto por questões semiestruturadas e por escalas padronizadas. Para análise dos dados foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 15.0. Nível de significância do estudo foi de 5%. Para a análise dos fatores associados ao desfecho, foi construído um modelo teórico de determinação com três blocos hierarquizados de variáveis. Foram estimadas razões de prevalência brutas, por meio do teste Qui-quadrado (χ2), e ajustadas por regressão de Poisson. O desfecho expectativa negativa em relação a condição de saúde pós-cárcere associou-se a autovaliação de saúde negativa (RP ajustada = 6,14; IC = 2,27 - 16,60), enquanto o desfecho sobre a condição de trabalho associou-se com as expectativas negativas pós-cárcere em relação a vida pessoal (RP = 7,65; IC = 2,82 - 20,79) e ao padrão de vida (RP = 7,30; IC = 2,91 - 18,32). As associações encontradas no estudo demonstram a importância de investimento em políticas de saúde e trabalho para que as mulheres egressas do sistema prisional possam ter no futuro acesso a melhores condições de vida e a garantia do direito à saúde em seu sentido ampliado.