Aprendendo a ser: socialização e letramento de uma estudante venezuelana em uma escola pública de Dourados – MS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ribeiro, Cristiene Oliveira lattes
Orientador(a): Guimarães , Thayse Figueira lattes
Banca de defesa: Barbosa, Edilaine Buin lattes, Santos, Charlene Bezerra dos lattes, Biondo, Fabiana Poças lattes, Martins, Andérbio Márcio Silva lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Letras
Departamento: Faculdade de Comunicação, Artes e Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/4553
Resumo: Esta pesquisa problematiza a trajetória de socialização e as práticas de letramento de uma estudante venezuelana em processo de escolarização nas aulas de Língua Portuguesa no ensino fundamental, anos iniciais, em uma escola pública da cidade de Dourados, MS. De base etnográfica, a pesquisa tem como caminho metodológico a observação participante ao longo de todo o ano letivo de 2019. Assim, os dados foram gerados a partir da inserção no contexto de ensino, considerando as inter-relações construídas entre Lis, a estudante foco, e suas professoras e colegas de classe. Este trabalho situa-se no campo da Linguística Aplicada Trans/Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006; SIGNORINI, 2008; CAVALCANTI, 2013; dentre outros) e ancora-se na abordagem situada e etnográfica dos letramentos (STREET, 2014), principalmente no que ela pode colaborar na ampliação da reflexão sobre o percurso escolar de estudantes e sobre as relações sociais e identitárias construídas no contexto escolar. Tem como principal guia o trabalho de Wortham (2005), para quem a trajetória de socialização de um sujeito na escola ocorre ao longo de uma série de eventos específicos. Dialoga também com os pressupostos dos Estudos Culturais (HALL, 2006, 2012; SILVA, 2012; WOODWARD, 2012), que ajudaram na fundamentação dos conceitos de identidade e representação. Os resultados da análise mostram que a trajetória de socialização da discente do quinto ano do ensino fundamental, anos iniciais, foi marcada por identificações negativas, tais como: aluna resistente, problemática, analfabeta em sua língua materna e possuidora de uma capacidade de compreensão que está além do entendimento, o que, no contexto em que esse discurso toma forma, leva à inferência de que a estudante foi inserida de forma grotesca no grupo dos alunos com necessidades especiais educacionais. Essas identificações são resquícios da concepção de letramento vigente nas instituições escolares, um tipo de letramento excludente, que atravessou as práticas interacionais nas quais Lis esteve envolvida na escola. Mesmo como uma aluna em condição de aprendiz de uma língua desconhecida, já que sua língua materna é o espanhol, Lis não foi poupada do agravante do letramento escolar, que tem como perspectiva acarretar o mau desempenho dos estudantes, frente às práticas de uso de leitura e escrita, ao próprio estudante. É notório, então, a necessidade e a urgência de práticas de letramento mais acolhedoras, combativas da falsa premissa do monolinguismo e do mito de que só há uma única forma de ser letrado, abrindo espaço na sala de aula para as práticas híbridas de linguagem. Essa é uma forma de oportunizar (re)existências a esses sujeitos que vivem entre línguas (MIGNOLO, 2003).