A Reforma agrária em Mato Grosso do Sul: os dilemas e as possibilidades nos assentamentos rurais a partir da análise dos dados do INCRA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Freitas, André Alexandre Ricco de lattes
Orientador(a): Menegat, Alzira Salete lattes
Banca de defesa: Coelho, Fabiano lattes, Faisting, André Luiz lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Sociologia
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/3853
Resumo: Este estudo é resultado de uma pesquisa sobre a questão agrária em Mato Grosso do Sul, entre os anois de 1984 a 2013, analisando as formas e modalidades de aquisição de terras para fins de criação de assentamentos rurais, bem como os principais entraves que se mostram na política agrária no referido estado. Neste estudo, procuramos compreender a reforma agrária pelo viés institucional, por dentro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/INCRA, empreendendo levantamento de dados e análise de informações que nos permitiram fazer um mapeamento dos assentamentos de reforma agrária instalados no estado, considerando sua criação, estruturação das etapas com infraestrutura e ocupação dos lotes. Foram utilizadas informações fornecidas pelo INCRA, como base no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária/SIPRA, analisando os dados estatísticos considerando os assentamentos instalados e a situação de ocupação dos lotes, atentando para a quantidade de assentamentos criados e as fases alcançadas com a estruturação das áreas dos assentamentos. Além dessa base, coletamos e examinamos dados produzidos pelo diagnóstico ocupacional realizado pelo INCRA/MS, a partir da “Operação Tellus” nos lotes de 68 projetos de assentamentos localizados no Sul de MS, nos anos de 2011 a 2015, período em que este órgão verificou in locco a situação dos lotes, buscando compreender o que o INCRA leva em conta em situação regular (ocupados por famílias que neles produzem), bem como aqueles considerados vagos (e por algum motivo não constam como beneficiários no sistema do INCRA) e também aqueles considerados em situação irregular (deixados pelos beneficiários iniciais, ocupados por terceiros e/ou vazios). Os resultados da pesquisa mostram um total de 204 projetos de assentamentos rurais criados no estado, atendendo 32.131 famílias, apontando a existência de 4.295 lotes considerados institucionalmente como vagos e dentre eles, 3.015 em condição irregular pelo diagnóstico ocupacional, o que não significa, na prática, lotes vazios. Os dados coletados possibilitaram apresentar um mapeamento das medidas institucionais no que se refere ao processo de instalação, desenvolvimento e consolidação dos assentamentos rurais em MS, que vai desde a escolha da modalidade de assentamento a ser adotada, a distribuição de assentamentos rurais pelo território, o fornecimento de créditos e serviços de infraestrutura para desenvolvimento dos assentamentos. Todas essas análises foram tecidas à luz de referênciais teóricas e da legislação utilizada pelo INCRA para seleção de beneficiários da reforma agrária, que sustenta diferentes medidas adotadas por esse orgão, desde processo de suspensão e exclusão de beneficiários, a regularização das parcelas ocupadas irregularmente e a titulação dos lotes em assentamentos rurais. Os resultados mostram que o caminho para a criação de assentamentos é complexo, por isso, longo e difícil, sendo permeado por conflitos que emergem desde a desapropriação de áreas, a formação das etapas da instalação dos assentamentos e a própria permanência das famílias, instaladas nem sempre em lugares com condições favoráveis. No entanto, mesmo diante desses dilemas foi possível verificar que a reforma agrária tem possibilitado o acesso dos trabalhadores rurais aos meios de produção, criando condições para que possam viver dignamente.