Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Araújo, Flávio Henrique Souza de
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Orientador(a): |
Oesterreich, Silvia Aparecida
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Banca de defesa: |
Lollo, Pablo Christiano Barboza
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Donatini, Raquel dos Santos
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Gouveia, Juceli Gonzalez
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Freitas, Karine de Cássia
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Grande Dourados
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde
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Departamento: |
Faculdade de Ciências da Saúde
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/4917
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Resumo: |
O Cerrado brasileiro é considerado um hotspot mundial. Apesar de muitas espécies vegetais serem utilizadas na alimentação, na prevenção e no tratamento de diversas doenças, sabe-se que somente o uso empírico não é suficiente para validar a segurança de uma planta. Dessa forma, estudos de toxicidade em associação a estudos farmacológicos são necessários para avaliar os possíveis efeitos adversos e garantir a segurança do uso. Além disso, podem elucidar os potenciais medicinais e farmacológicos das plantas dos biomas brasileiros, possibilitando, futuramente, a descrição de fitoterápicos e a síntese e prospecção de novos fármacos. Dentre as plantas de uso popular, a Aristolochia triangularis, conhecida popularmente como “cipozinhoprá-diabetes” e com ocorrência comum nas regiões Sul e Centro-Oeste, é uma das 92 Aristolochia spp. catalogadas no Brasil até o momento. Sua relevância para o estudo se justifica pelo histórico considerável de utilização da espécie vegetal na medicina popular para o tratamento de diabetes, sendo também indicada para o tratamento de reumatismo, infecções e feridas de pele. O órgão vegetal de A. triangularis utilizado para tratar diabetes é a folha, cujo consumo ocorre na forma de chá, obtido pelo método de infusão. E, apesar de tal uso popular da espécie, não existem registros de estudos no Brasil que validem o uso seguro do infuso das folhas e que corroborem suas propriedades farmacológicas. Neste sentido, o objetivo da pesquisa foi avaliar a toxicidade aguda, estimar a dose letal mediana (DL50) em ratas tratadas com a infusão liofilizada (Inf-L) das folhas de A. triangularis na dose de (2000 mg/kg). Posteriormente, foi avaliado o potencial mutagênico do Inf-L nas doses de (0,62, 1,25; 2,5; 5mg/mL) em teste Ames e pelo Teste de Mutação e Recombinação Somática (SMART) usando os Cruzamentos Padrão (ST) e de Alta Bioativação (HB) em asas de Drosophila melanogaster. Para os ensaios de genotoxicidade e mutagenicidade in vivo, foram utilizados 50 ratos Wistar de ambos os sexos, subdivididos em cinco grupos experimentais (5 animais de cada sexo): os animais do grupo controle negativo foram tratados com 1 mL de veículo via oral (v.o); três grupos Inf-L-At foram tratados por v.o com doses de (62,5, 125 e 250 mg/kg p.c, v.o); e o grupo controle positivo recebeu via intraperitonial (50 mg/kg p.c de ciclofosfamida). A bioatividade do Inf-L-At foi avaliada verificando o seu efeito na glicemia de 25 animais machos, normoglicêmicos e hiperglicêmicos em 5 tempos (0, 15, 30, 60 e 180 minutos), subdivididos em cinco grupos respectivamente: 1- Controle (Glicose 4000 mg/kg); 2- ((Glibenclamida (100 mg/kg) + (Glicose 4000 mg/kg)); e 3,4 e 5- ((Grupos Inf-L-At 62,5, 125 e 250 mg/kg) + (Glicose 4000 mg/kg)). Foram determinados a curva glicêmica e os efeitos do Inf-L-At no conteúdo de glicogênio hepático e muscular e na atividade das dissacaridases (maltase, lactase e sacarase) intestinais. A DL50 foi estimada acima de 2000 mg/kg, sendo que o Inf-L-At não apresentou efeitos tóxicos a curto prazo, embora o peso absoluto do fígado e peso relativo dos rins, tenham se diferido significativamente do controle negativo. Ademais, pelo teste Ames, o Inf-L-At em diferentes concentrações foi mutagênico na linhagem TA100 com (S+) em fração microssomal, e indicou diagnóstico positivo para efeitos mutagênicos nas concentrações de 2.5 e 5.0 mg/mL, similarmente ao grupo DXR. In vivo, ratos de ambos os sexos, expostos as diferentes doses do Inf-L-At, foram genotóxicos, com recrutamento de linfócitos no baço, e aumento exponencial de fagocitose esplênica. Os ensaios de micronúcleos em sangue periférico e medula óssea, corroboram o potencial mutagênico atribuído ao Inf-L-At pelo teste Ames e teste SMART. E após 72 horas, as frequências de micronúcleos foram diminuídas. Estes resultados podem justificar-se pelo aumento de células em apoptose no fígado e rins de animais tratados com o composto nas respectivas doses. Pelo teste TOTG, o infuso apresentou ao longo do protocolo de avaliação redução significativa da curva glicêmica, similarmente a glibenclamida. Com aumento expressivo no conteúdo do glicogênio hepático, no entanto apesar dos efeitos anti-hiperglicêmicos observados pelo Inf-L-At nas condições e doses utilizadas, não há correlação com a atividade das dissacaridades intestinais e glicogênio muscular, conforme resultados para o modelo. Conclui-se, que o extrato aquoso da infusão liofilizada das folhas de A. triangularis (Inf-L-At) não exibiu toxicidade aguda em ratos Wistar. No entanto, nas respectivas doses avaliadas, o Inf-L-At possui potencial à mutagenicidade in vitro e in vivo, conforme descrito pelo teste Ames, teste de Micronúcleo e teste SMART. Além disso, constatou-se também potenciais efeitos hipoglicemiantes, similarmente a glibenclamida. |