Políticas e expansão da pós-graduação stricto sensu nas universidades federais em Mato Grosso do Sul (2003-2016): uma análise das condições materiais e simbólicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Magalhães, Ana Maria da Silva lattes
Orientador(a): Real, Giselle Cristina Martins lattes
Banca de defesa: Aranda, Maria Alice de Miranda lattes, Alves, Andréia Vicência Vitor lattes, Brito, Silvia Helena Andrade de lattes, Oliveira, João Ferreira de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/2195
Resumo: Esta tese possui como objeto de estudo a expansão da pós-graduação stricto sensu nas universidades federais sul-mato-grossenses no período de 2003 a 2016. Devido ao período abarcado e ao lócus de pesquisa, considerou-se os programas de Expansão das Universidades Federais (Expandir) e de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) como privilegiantes de análise. A seguinte problemática norteou a pesquisa: De que forma programas como o Reuni e Expandir, embora com foco na expansão da graduação, contribuíram para a expansão da pós-graduação nas universidades federais em MS? Quais as condições materiais e simbólicas que deram suporte/induziram à expansão da pós-graduação nessas IES? O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar a expansão da pós-graduação stricto sensu nas universidades federais sul-mato-grossenses no contexto das políticas públicas voltadas para a expansão da educação superior implementadas em universidades federais no período de 2003 até 2016. O estudo foi conduzido à luz da literatura da área, com base em documentos e estatísticas oficiais. As análises foram realizadas a partir das noções de campo, de habitus e de capital, desenvolvidas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. Como resultados, verificou-se que a expressiva expansão da pós-graduação nas universidades federais em MS - mais de 400% no número de matrículas e de titulações de 2003 até 2016 - se deu pela combinação de políticas governamentais indutoras da expansão da educação superior, de ações de indução por parte dos gestores universitários e da própria ação docente. Nesse período, os programas Expandir e Reuni proporcionaram certa recuperação das universidades federais, sobretudo com relação ao quantitativo de docentes. O aumento no número de funções docentes em regime de dedicação exclusiva nas universidades federais sul-mato-grossenses foi de mais de 120% no período. Por sua vez, a ação dos gestores dessas IES foi orientada para a captação de docentes com perfil de pós-graduação e para a manutenção desse habitus nas universidades. A intenção de se manter um ambiente favorável para a pesquisa, por meio da pós-graduação, é expressa em regulamentos, editais e documentos oficiais das IES, nos quais se observam adequações para atender aos itens destacados pela avaliação da CAPES. Há também, e principalmente, o comprometimento docente com um projeto de expansão da pós-graduação em sua IES. Esse busca direcionar suas ações para atender as exigências avaliativas da CAPES, de forma a permanecer no campo da pós-graduação. Isso é explicitado na significativa inserção docente em editais de fomento para pesquisa, nas atividades de consultoria, no aumento da produção intelectual em periódicos qualificados nos estratos do Qualis/CAPES. Nesse sentido, a Tese delineada pela presente pesquisa é de que a expansão da pós-graduação em MS foi induzida a partir das políticas do governo central na interseção com o campo universitário. As políticas, ao proporcionarem a ampliação do quadro docente das universidades federais, tiveram seus principais efeitos para a expansão da pós-graduação. No entanto, os dados evidenciam que os agentes do campo da pós-graduação das universidades federais em MS não conseguem consolidar a expansão qualitativa por não acessarem os espaços de autoridade do campo. Isso se dá tanto em termos de instâncias externas de poder – baixa participação nos comitês da CAPES – como em termos de prestígio intelectual – baixa participação em bancas de defesa de dissertação/tese vinculadas a programas de pós-graduação de outras IES e a menor concentração da produção de artigos nos periódicos classificados nos estratos maiores do Qualis. Isso é reflexo das assimetrias do SNPG, aprofundadas com base no modelo de avaliação da CAPES. Permanece, então, a necessidade de se pensar em um processo avaliativo que continue assegurando credibilidade ao SNPG, ao mesmo tempo que possa ser mais equânime, socialmente referenciado. E que a complexidade da expansão quantitativa estendida a todo o território nacional possa ser contemplada por essa expansão qualitativa.