O discurso do novo na forma(ta)ção do sujeito-aluno: escola em tempo integral em cena

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Kohler, Irene Cristina
Orientador(a): Stübe, Angela Derlise
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://localhost:443/handle/prefix/87
Resumo: O presente estudo tem como objeto o discurso do “novo”, no documento “Novas perspectivas para o cotidiano escolar” (2011), destinado ao Ensino Médio em Tempo Integral do Estado de Santa Catarina. Esta pesquisa busca compreender discursividades sobre o sujeito-aluno que o documento produz. Sendo assim, formulamos a hipótese de que o documento, ao apresentar o discurso de uma “nova” Proposta Curricular, produz o imaginário do sujeito-aluno logocêntrico, centrado, que busca a perfeição e a completude, de acordo com a vontade de verdade do contexto histórico. Entendemos ainda que, ao propor uma forma de educação diferenciada, o documento apresenta o discurso do “novo” como dispositivo de produção de sujeito-aluno para atuar nesse espaço. Diante dessa hipótese, os seguintes questionamentos foram retomados ao longo de nosso gesto interpretativo: I) que sujeito-aluno é esse que se constitui por meio da discursividade do “novo” no documento da Escola em Tempo Integral? e II) que sujeito-aluno é esse que a Escola em Tempo Integral almeja e pretende forma(ta)r? Filiamo-nos à teoria discursiva formulada por Foucault (1969 [2013], 1970[2010], 1979 [2011], 1975 [1996]). Uma das grandes contribuições deste autor se refere à ordem do discurso e sua arqueologia, trata-se de identificar como os discursos, os pequenos acontecimentos, as pequenas rupturas, possibilitam a emergência de dizeres camuflados por uma série de aparências superficiais. Filiados a essa teoria pretendemos: (I) analisar regularidades e dispersões nos enunciados do documento, a respeito da constituição do sujeito-aluno na Escola em Tempo Integral, por meio do discurso do “novo”; (II) refletir como o documento “Novas perspectivas para o cotidiano escolar” (2011) apresenta o “novo” como dispositivo para produzir um sujeito-aluno moldado em determinados padrões e modelos; e (III) refletir sobre imagens que o documento produz em relação ao sujeito-aluno inserido na Escola em Tempo Integral. Dessa forma, a partir das análises, foi possível perceber que traços constituintes do documento contribuem para o estabelecimento de um regime de verdade, de tudo que é novo é para melhorar, mesmo que essa representação do novo já tenha sido vista em outros momentos, no ensino de tempo regular. O regime de verdade é assegurado no discurso político educacional, atribuindo o valor de verdade por meio do status científico do saber institucionalizado, que não é advindo do Estado, mas é mantido por ele (FOUCAULT, 2011). Entendemos que, na ilusão de formar o sujeito-aluno integral e completo, o discurso do “novo” camufla e demarca uma fronteira entre o que já estava posto e a proposta da escola em tempo integral. Dessa forma, a partir das análises, pudemos vislumbrar que o discurso do novo, enquanto elemento que constitui o texto, cria regras, estabelece-se como estratégia e produz sujeitos.