Os verbos "parar" e "deixar" com complementos de natureza verbal e de natureza nominal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Hammes, Lucimar
Orientador(a): Cambrussi, Morgana Fabiola
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/763
Resumo: Este estudo se insere na interface sintaxe e semântica, utilizando os pressupostos da teoria gerativa chomskyana, no modelo Princípios e Parâmetros (P&P). Neste trabalho, foram analisadas construções com os verbos deixar e parar com complemento infinitivo preposicionados (InfP) e complementos nominais no português brasileiro (PB). Nesta pesquisa, objetivamos depreender as noções que esses verbos expressam, associando-as à categoria do seu complemento, averiguando se os verbos deixar e parar contribuem de forma diferente para o significado de uma sentença, ou se ambos expressam sempre uma noção de aspecto interruptivo nos diferentes contextos sintáticos. Para esta análise, foi adotada a divisão de classes de aspecto lexical sistematizada por Vendler (1967): estado, atividade, accomplishment e achievement e os refinamentos feitos por Bertinetto (1986) e Basso e Ilari (2004), no que se refere à divisão da classe dos estativos, e por Smith (1997), que inclui os semelfactivos na classe dos aspectuais. Nossas principais hipóteses foram: (i) parar e deixar expressam aspecto interruptivo quando figuram com complementos infinitivos preposicionados [InfP]; (ii) parar indica aspecto interruptivo em todos os seus empregos, mesmo com DP na posição de seu complemento; (iii) a restrição dos aspectuais parar e deixar a complementos DPs natos (não derivados de verbos) está relacionada ao traço [+processo], requerido por todo verbo aspectual (ROCHETTE, 1999); (iv) deixar, quando forma sequência com predicados que apresentam o traço [+télico], apresenta ambiguidade, podendo expressar interrupção de um único evento, ou a não-realização do evento; (v) parar e deixar oferecem restrições a predicados tipicamente estativos (BERTINETTO, 1991; BASSO; ILARI, 2004). Nossas análises apontaram que o verbo parar não indica interrupção de evento em todos os seus empregos, no que diz respeito ao complemento InfP, já o verbo deixar apresenta ambiguidade entre interrupção e negação do evento, o que parece estar relacionado ao traço [+télico]. Constatamos, também, que o traço [+processo] é requerido pelos aspectuais parar e deixar e fator determinante para a seleção de um complemento, seja de natureza verbal ou nominal. Por fim, averiguamos que os verbos parar e deixar oferecem restrições aos predicados tipicamente estativos, o que pode estar relacionado ao traço [+mudança] ausente nesses tipos de predicados. No que se refere à representação teórica desses verbos, nossas análises indicam implicações de representação arbórea dos verbos parar e deixar com complementos infinitivos preposicionados. Já a representação sintática do verbo parar como inacusativo lexical mostra que o verbo seleciona AI que pode ser alçado para a posição de sujeito da sentença. O verbo deixar como verbo lexical, pode selecionar dois ou três argumentos marcando-os tematicamente e parece não funcionar como inacusativo lexical.