Dinâmica do nitrogênio com enfoque nas emissões de N2O em plantio comercial de eucalipto no bioma da Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Jacqueline Jesus Nogueira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16468
Resumo: O óxido nitroso (N2O) é um gás de efeito estufa produzido no solo por bactérias e fungos a partir dos processos de nitrificação e desnitrificação. O setor de mudança do uso do solo e floresta está entre as atividades antrópicas que mais emitem N2O para atmosfera, e a aplicação de fertilizante nitrogenado é uma das principais fontes responsáveis pela emissão desse gás. Em plantios comerciais de eucalipto com ciclo de corte de 6 a 8 anos, aplica-se o fertilizante nitrogenado em três etapas apenas no primeiro ano da cultura, posteriormente, a cultura se mantém com os nutrientes reciclados pela serapilheira do solo. Além do resíduo da planta, a serapilheira do solo é enriquecida com nutrientes oriundos da deposição atmosférica. A transprecipitação é um processo de lixiviação foliar que ocorre entre o dossel das árvores e que acaba carregando até o solo todos os nutrientes depositados sobre as copas e também todos os compostos orgânicos produzidos pelas plantas e microrganismos que vivem sobre as folhas, entre estes nutrientes está o N. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as emissões de N2O da interface solo-atmosfera em um plantio comercial de eucalipto em relação a uma floresta de Mata Atlântica, localizados sob região de clima tropical. E ainda, a colaboração do aporte de N ao solo via transprecipitação, da aplicação de fertilizante nitrogenado e a influência da umidade no solo nas emissões de N2O. Dois experimentos foram realizados em um plantio comercial de eucalipto, o primeiro experimento foi realizado em dois talhões de eucalipto de diferentes idades, um com 3 meses e outro durante os 15 primeiro meses da idade da planta, onde se avaliou o efeito da fertilização nitrogenada nas emissões de N2O, sendo que, no talhão de 3 meses, aplicou-se água para forçar uma condição de maior umidade do solo. Já o segundo experimento, o objetivo foi avaliar o impacto do uso da terra com plantio de eucalipto nas emissões de N2O do solo, tendo como referência um fragmento de Mata Atlântica adjacente e examinar a deposição de N via transprecipitação como possível propulsor nas emissões de N2O entre os dois usos do solo. Os resultados do primeiro experimento mostraram que as quantidades de fertilizante nitrogenado aplicadas no plantio de eucalipto não influenciaram significativamente nas emissões de N2O do solo. No talhão com 3 meses de idade, observou-se diferença significativa apenas entre o eucalipto controle e o eucalipto que recebeu fertilizante + água, com fluxos médios de 0,65 e 1,82 kg N ha-1 ano-1, respectivamente. Já no talhão com até 15 meses, os fluxos médios de N2O foram 0,96 e 0,99 kg N ha-1 ano-1 para o eucalipto controle e o fertilizado, também não houve diferença significativa entre as emissões. A umidade do solo foi um fator controlador das emissões de N2O nos dois talhões avaliados. No segundo experimento constatou-se maior fluxo médio de N2O na área de floresta nativa com 0,82 kg N ha-1 ano-1 contra 0,55 kg N ha-1 ano-1 para a área de plantio de eucalipto. A deposição atmosférica de N via transpecipitação também foi maior na área de floresta nativa em relação ao plantio de eucalipto com fluxos acumulados de 21 e 12 kg N ha-1 ano-1 respectivamente. Possivelmente, essa maior emissão de N2O na área de floresta nativa esteja relacionada ao maior acúmulo de compostos nitrogenados oriundos da deposição seca que ocorre sobre o dossel da floresta nativa e também pelo maior aporte de N ao solo via processo de transprecipitação. Esse maior acúmulo de N que ocorre no dossel da floresta nativa, possivelmente está correlacionado ao maior índice de área foliar, logo, a área de contato do dossel da floresta é maior em relação a área do dossel do plantio de eucalipto. Essa característica possibilita a maior ocorrência de processos de produção e assimilação de compostos nitrogenados por microrganismos e pela planta no interior das copas das árvores e, consequentemente, maior o aporte de N ao solo influenciando na produção de N2O.