O corpo que habito: resistências e produção de sentidos dos/sobre os corpos trans

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cavalcante, André
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/22319
Resumo: Este trabalho visa compreender qual a relação entre o corpo trans e a resistência, a partir do discurso do/sobre o corpo trans. Para tanto, nosso corpus de análise provém de páginas de militância trans do Facebook como Homens Trans Oficial; Transexuais e Travestis Brasileiras; NLucon; Homotransfobia mata; Cartazes e Tirinhas LGBT; Portal Trans Brasil; Rede Nacional de Pessoas Trans, entre os anos de 2016 e 2019. Partimos da concepção do corpo como linguagem e da teorização a partir do referencial teórico da análise do discurso, fazendo alguns diálogos com a psicanálise, com o campo da antropologia do corpo, com a filosofia foucaultiana, com o marxismo e com os estudos de gênero, sobretudo o transfeminismo e do feminismo negro. Objetivamos, também, analisar como os sentidos sobre os corpos trans estão se sedimentando no espaço virtual; observar como as resistências ocorrem nos discursos sobre tais corpos; compreender se as resistências podem representar uma fragmentação na formasujeito- capitalista e identificar se e como corpos trans e a (des)estabilização de sentidos podem produzir fissuras no rito de interpelação ideológica do gênero. As análises foram organizadas em eixos que dizem respeito a como a transgeneridade é discursivizada no social, quais sejam: 1. Violências, silenciamentos e deslegitimação das identidades transgêneras. 2. Exclusão social e transgeneridade. 3. Positivação do corpo e (não) alteração corporal. No primeiro eixo, encontram-se as discursividades e as posições-sujeitos que produzem sentidos sobre a violência física e verbal que sofrem os sujeitos-trans, os silenciamentos sobre seus discursos e seus corpos e a deslegitimação das possibilidades de identificações transgêneras. No eixo dois, estão presentes discursos que dizem respeito à luta desses sujeitos frente à exclusão social a partir da qual sujeitos-trans são colocados à margem, seja no trabalho, no esporte, ou pelo envelhecimento. O último eixo traz discursos que se pautam no olhar dos sujeitos-trans sobre seus próprios corpos, apontando para a necessidade da despatologização desses sujeitos, que não entendem que seus corpos estão em descompasso com suas identidades. Nesses discursos, a identificação como sujeito-trans demonstra que as práticas médico-cirúrgicas sobre estes corpos não são determinantes da transgeneridade. A partir dessa discursividade, entendemos o corpo trans como um objeto paradoxal no qual são colocados sentidos idênticos e contraditórios consigo mesmos (PÊCHEUX, [1982] 2014) a depender da inscrição desses dizeres em domínios de saberes diferentes