Detecção de portadoras uterinas de leptospira sp. em vacas não-gestantes destinadas ao abate no Estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pires, Bruno Cabral
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
PCR
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/32450
Resumo: A leptospirose em bovinos é uma doença de caráter crônico, caracterizada por insuficiência reprodutiva que leva a grandes perdas econômicas. Leptospiras viáveis têm sido recuperadas de várias amostras, e acredita-se que a infecção no trato genital provoque morte embrionária precoce e, consequentemente, abortamentos. No entanto, muitos estudos relatam a recuperação de leptospiras nos rins ou na urina, e pouco se sabe sobre a infecção uterina. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi detectar portadores uterinos de Leptospira sp. entre vacas não gestantes abatidas e aleatoriamente selecionadas. Entre setembro de 2016 e abril de 2017, foram coletadas amostras de sangue (n=39), urina (n=40), muco cervical (MC, n=34), fragmento uterino (FU, n=42) e aspirado folicular (n=10) de 42 vacas. A sorologia para leptospirose (Soroaglutinação microscópica – MAT) foi realizada em 39 vacas, e Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), usando como alvo uma parte do gene lipL32, presente somente em leptospiras patogênicas, foi realizada em todas as amostras, exceto sangue. Também foi realizada cultura bacteriológica em meio EMJH e EMJH+SATFF nas amostras de MC, urina e aspirado folicular. A estirpe isolada foi caracterizada geneticamente por sequenciamento dos genes secY e rrs (16s RNA), e foi traçado o perfil de VNTR (Variable number tandem repeat). Apenas quatro animais (4/39) apresentaram-se sororeativos perante o sorogrupo Sejroe, com titulação máxima de 400. Foi obtido o isolamento de uma estirpe de amostra de urina, sendo caracterizada geneticamente como Leptospira santarosai. O DNA leptospírico foi observado com maior frequência em folículos ovarianos (7/10, 70%), FU (19/42, 45,2%), seguido de urina (15/40, 37,5%) e, finalmente, MC (8/34, 20,6%). Os resultados obtidos indicaram que a positividade no FU é um fator de risco para a positividade na MC (OR = 3,4), enquanto a positividade na urina não o é. Sendo assim, observou-se uma taxa elevada de infecção por Leptospira sp. em amostras de útero e aspirado folicular de vacas não gestantes obtidas em matadouros. A sorologia e a cultura bacteriana representam técnicas limitadas de detecção de leptospiras no trato genital, não sendo recomendadas para tal diagnóstico. Embora menos sensível do que a biópsia uterina, os resultados indicaram que o MC pode representar uma amostra fácil de coletar a campo, e representa adequadamente o ambiente uterino, podendo, assim, simplificar o diagnóstico de leptospirose genital por PCR. Tais resultados demonstram que o estado de portador genital em vacas é bastante alto e acredita-se que uma vez presente no trato genital, a bactéria possa exercer um papel importante na fisiopatogenia da falha reprodutiva.