Leptospirose genital bovina: avanços no diagnóstico, Tratamento e Impactos reprodutivos em vacas naturalmente Infectadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Virgilio, Luiza Aymée Pires Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
PCR
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34985
Resumo: A leptospirose é uma doença infecciosa que afeta a reprodução dos bovinos. Até recentemente, priorizava-se estudos com infecção renal por Leptospira sp., e a infecção genital bovina era considerada secundária. No entanto, as manifestações reprodutivas da leptospirose apresentam características únicas e possíveis de serem dissociadas da infecção renal, sendo então, descrita a síndrome Leptospirose Genital Bovina (BGL). Portanto, o presente estudo objetivou demonstrar por meio de técnicas bacteriológicas e moleculares a infecção genital por leptospiras e seus efeitos no trato reprodutivo de vacas in vivo naturalmente infectadas. O estudo foi conduzido em rebanhos selecionados após triagem sorológica. Cinco rebanhos foram selecionados após demonstrar alta sororreatividade perante sorogrupo Sejroe. Foram selecionadas 106 vacas com baixa eficiência reprodutiva, e destas foram colhidas amostras de sangue (sorologia), muco cérvico-vaginal/MCV (cultivo e PCR), fragmento uterina (cultivo e PCR) e urina (cultivo e PCR). As amostras positivas em lipL32-PCR foram submetidas a nested PCR do gene secY, seguidas por sequenciamento de nucleotídeos. Trinta vacas carreadoras genitais foram submetidas a dois protocolos de tratamento: a) dose única de estreptomicina (protocolo para infecção renal); b) três doses de estreptomicina. Amostras dos animais tratados (CVM e útero) foram obtidas sete dias após o tratamento. Dos animais estudados, 68,9% foram positivas na lipL32-PCR, e destes, 80,8% apresentaram DNA de leptospiras apenas em amostras genitais, 13,3% em apenas amostras de urina, e 6,8% apresentaram em ambos. Houve diferença estatística entre a positividade de amostras genitais e urina (p < 0,0001). Os sinais reprodutivos mais observados nos animais positivos foram infertilidade e subfertilidade crônica, enquanto os abortamentos e natimortos foram menos frequentes. Houve uma frequência significativa de animais infectados para cada falha reprodutiva avaliada (p < 0,0003). Foram obtidas 35 sequências de Leptospira spp., sendo 30 classificadas como L. interrogans, duas como L. santarosai, duas L. noguchii, e uma L. borgpetersenii. Ao comparar as sequências obtidas com isolados sorológicamente caracterizados, 80% das sequências foram similares a estirpes Sejroe. Uma estirpe de origem uterina foi obtida por meio de isolamento e caracterizada como L. santarosai sorovar Guaricura. Quanto ao tratamento das vacas carreadoras genitais, o protocolo com dose única de estreptomicina possibilitou o tratamento de apenas 53,8% das vacas, já o protocolo com três doses demonstrou o tratamento 94,1% das vacas (p = 0,02). A significativa diferença entre amostras de fragmento uterino e MCV e de urina positivas reforça que o uso de amostras genitais é crucial para o diagnóstico de vacas carreadoras. Além disso, a alta porcentagem de animais apresentando infertilidade e subfertilidade ressalta que a BGL é uma doença silenciosa e crônica. Embora L. santarosai tenha sido confirmada como um agente etiológico da BGL, os principais agentes encontrados neste estudo foram L. interrogans do sorogrupo Sejroe. O protocolo de tratamento de dose única de estreptomicina, recomendado para infecção renal, não demonstrou-se adequado para o tratamento da infecção genital. Além disso, observou-se que protocolo de três-doses de estreptomicina é eficiente para o tratamento da síndrome.