O funcionamento discursivo do silêncio e da negação nos depoimentos do Coronel Ustra e do delegado Calandra à Comissão Nacional da Verdade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Casimiro, Sarah Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/7189
Resumo: A presente pesquisa de Mestrado se inscreve na perspectiva teórica da Análise do Discurso de base materialista, proposta por Pêcheux (1969; 1975). Sob o embasamento teórico- metodológico da Análise do Discurso, buscamos analisar discursivamente duas audiências públicas promovidas pela Comissão Nacional da Verdade: a audiência com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e a audiência com o delegado Aparecido Laertes Calandra, mais conhecido pelo codinome de Capitão Ubirajara. Na tentativa de compreendermos como se dá discursivamente o funcionamento do silêncio e da negação nesses depoimentos, partimos dos trabalhos de Orlandi (1992) e Indursky (1990; 2013). O silêncio, para a Análise do Discurso, tem relação com a história e com a ideologia. Entendemos, conforme Orlandi (1992), que há implicações ideológicas quando se deixa de dizer algo. Além disso, é possível dizer “x” para deixar de dizer “y”, apagando outros sentidos possíveis de uma outra formação discursiva (ORLANDI, 1992). Sendo assim, verificamos, nas análises empreendidas, que o sujeito, na posição de quem presta um depoimento para integrantes da Comissão Nacional da Verdade, diz “terrorista” para não dizer revolucionário; “democracia” para não dizer ditadura; “assessor jurídico” para não dizer torturador. Já a negação, modalidade discursiva também mobilizada no processo de análise dos depoimentos, “é um dos processos de internalização de enunciados oriundos de outros discursos podendo indicar a existência de operações diversas no interior do discurso em análise” (INDURSKY, 2013, p. 261). Por meio da análise do funcionamento discursivo da negação, verificamos como o discurso-outro comparece nos depoimentos de forma distinta. No depoimento do coronel Ustra encontramos um caso de negação externa (INDURSKY, 2013), enquanto no depoimento do delegado Calandra, encontramos um caso de denegação