Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Nogueira, Leonardo Amora |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Niterói
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/22863
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Resumo: |
Atualmente, tornam-se cada vez mais prementes as preocupações decorrentes dos impactos das mudanças climáticas, impondo à tomada de decisão medidas que sejam apoiadas no conhecimento técnico-científico ambiental, de interface transdisciplinar entre as áreas sociais, físicas, químicas e biológicas. O planejamento espacial visa metas que aliem tanto ações de redução dos impactos (i.e., mitigação), quanto de conversão de potenciais prejuízos em benefícios (i.e., adaptação) frente às mudanças climáticas. Na bacia de drenagem, os lagos e as lagoas costeiras apresentam importante papel sobre a ciclagem global de carbono (C), influenciando o balanço deste elemento entre as emissões de gases à atmosfera e sua apreensão sob a forma de matéria orgânica no sedimento de fundo. Em razão da capacidade de captar, processar e preservar materiais advindos de extensas bacias de drenagem, os lagos e as lagoas costeiras são considerados “ecossistemas sentinelas”, os quais, além de evidenciar mudanças antropogênicas, também constituem ativos componentes de ciclagem de C com importantes implicações ao clima do planeta. No Brasil, tais ecossistemas tropicais de elevada produtividade, especialmente na Amazônia, no Pantanal e na zona costeira, têm sido muito susceptíveis à degradação antropogênica (e.g., eutrofização e assoreamento) devido à expansão do desmatamento, da urbanização e de campos agrícolas ou de pecuária extensiva. Apesar dessa relevância, poucos estudos avaliam o papel dos sedimentos lacustres e lagunares para subsidiar ações tanto de mitigação quanto de adaptação às mudanças climáticas. No sentido de fornecer subsídios ao planejamento e à gestão na bacia de drenagem, possibilitando identificar ecossistemas prioritários à conservação e um melhor entendimento sobre os mecanismos de degradação dos recursos hídricos, o objetivo da presente tese foi avaliar a relação entre as mudanças de uso e cobertura do solo e a acumulação centenária de C e nutrientes em uma ampla variedade de ecossistemas aquáticos deposicionais do Brasil. O delineamento incluiu a coleta de testemunhos de sedimento de lagos amazônicos (N= 14), comparando com uma extensa compilação global (N=398), bem como uma análise detalhada em dois lagos do Pantanal e uma lagoa na costa do estado do Rio de Janeiro. Dentre os principais resultados, os lagos circundados pela floresta amazônica conservada apresentaram taxas de acumulação de C ~3 a 8 vezes superior à de médias ou altas latitudes, enquanto acentuada redução ~60% nessas taxas e incremento do assoreamento ~60% foram observados em áreas mais desmatadas. Nos lagos alcalinos do Pantanal, a redução das taxas de acumulação de C alcançou ~78% onde o entorno não era completamente florestado. Finalmente, uma robusta análise histórica, biogeoquímica sedimentar e de geoinformação em uma lagoa costeira indicou que obras de engenharia muito frequentes na costa brasileira para mitigar as enchentes urbanas e a poluição hídrica (i.e., aberturas artificiais ao mar) podem causar, por outro lado, sua eutrofização e assoreamento devido à carência de infraestrutura de tratamento de efluentes. Como conclusão, a presente tese revela indícios consistentes de que a perda de florestas tropicais reduz grandes estoques de C também nos sedimentos aquáticos, um prejuízo ainda negligenciado nas projeções globais. A conservação de lagos e lagoas costeiras se torna indispensável à mitigação das mudanças climáticas, pois constituem tanto ecossistemas sentinelas de alterações antropogênicas quanto sumidouros de C, sendo também recursos hídricos e de biodiversidade que refletem sua potencialidade às próprias medidas de adaptação. Essa ressignificação do papel dos ecossistemas aquáticos deposicionais, como instrumento às ações de planejamento e gestão, emerge em relevância na atual agenda de sustentabilidade do Brasil, especialmente por apresentar dentre as mais extensas, e ameaçadas, florestas e áreas alagadas tropicais do mundo |