O reality show e a midiatização do homem comum: um jogo de emoções no Big Brother Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Melo, Max Milliano Tolentino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33332
Resumo: Este trabalho examina a relação entre reality shows e a midiatização do homem comum, usando como estudo de caso as edições 20 e 21 do Big Brother Brasil (BBB). Valendo-se de procedimentos metodológicos que incluíram a pesquisa bibliográfica, a análise de momentos- chave do programa, a arqueologia da mídia e a discussão da fortuna midiática sobre o tema, a tese tem como objetivo principal compreender como o BBB se configura como um jogo, onde participantes e público interagem sob a influência de um sistema de crenças e valores que privilegia o homem comum. Este é caracterizado por uma estética de autenticidade, visão mágica da realidade, negação da razão iluminista e tem o senso comum como forma de conhecimento. Além disso, argumenta-se neste trabalho, que a relação do público com o BBB é marcada por elementos emocionais, ancorados em ideias, discursos e práticas politicamente engajados. O percurso investigativo que nos permitiu estabelecer essas asserções iniciou pela discussão sobre o conceito de reality show e a sua relação com o público brasileiro. Tendo como referência as características estruturantes deste gênero audiovisual, bem como o protagonismo da vida privada na construção da cultura brasileira, destacamos o papel especial dessas produções no atual cenário político e social do país. Um papel que se adensa a partir do aprofundamento do processo de midiatização da cultura (HJARVARD, 2014, 2015) experienciado no Brasil nos últimos anos. Em seguida, direcionamos nossas reflexões para o personagem fundamental deste tipo de programa: o homem comum (MARTINS, 2008, 2020a, 2020b). Buscamos explorar como este conceito apresenta-se como um espaço de disputas, sendo acessado de formas distintas a depender do contexto político, incluídas aí as questões de gênero que o termo carrega. Discutimos como este indivíduo se relaciona com a lógica alienante do cotidiano (KOSIK, 1976; HELLER, 2014) de forma ambígua, e investigamos como a relação emocional que o BBB desenvolve com o público abre espaço para que, eventualmente, o programa rompa com tal alienação e se constitua como um espaço que canaliza levantes (BUTLER, 2017; DIDI-HUBERMAN, 2017). A construção desse diagnóstico implicou, nessa tese, construir uma trajetória que considera o Big Brother Brasil um programa de televisão e peça de entretenimento, mas evidenciando sua relação não apenas com a cultura brasileira e o contexto social em que se insere, como também suas possibilidades de funcionar como instrumento político de causas não-alinhadas com as expectativas óbvias da produção, sobretudo em um momento de crise política, sanitária e social no qual o nosso corpus se insere.