Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Laís de Paula |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15790
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Resumo: |
Ser ou não ser, eis o que não se fará questão. Numa tentativa de desatar nós, soltar-nos dos clichês, das díades e do estereótipo para encontrar o que está entre, a presente dissertação busca abrir brechas para pensarmos a vida caiçara sob a perspectiva do seu não-acabamento e da sua potencialidade vital, o que chamo de devir-caiçara. Comumente as histórias narradas sobre os caiçaras os atrelam a tradição e a um lugar, margeado por fronteiras que delimitam o que deve estar dentro e o que deve estar fora da sua cultura, bem como o que devem fazer e o que não devem fazer. Contudo, partimos da premissa de que o caiçara não é um dado em si, bem como o seu lugar também não o é. São ambos produtos das tensões e das disputas entre as muitas práticas e narrativas. Assim, sob uma perspectiva pós-estruturalista, coloco sob suspeita alguns enunciados que vêm sendo feitos a respeito das comunidades tradicionais caiçaras, em especial as localizadas na porção sul da Península da Juatinga, Paraty, RJ, e lanço mão de pequenas pistas a fim de cartografar algumas das tantas experimentações que se deram nos dois campo-tema realizados em Martim de Sá, contando com um total de quinze caiçaras participando. Inspirada na Cartografia como caminho metodológico, a partir do qual a pesquisa não se restringe a descrever ou classificar, mas aposta na experimentação do pensamento e nos processos de produção de realidades. Assim, optei por utilizar os afetos e as fotografias - algumas existentes no local e outras tiradas pelos caiçaras durante a investigação - como dispositivos metodológicos na intenção de que os caiçaras se vejam, se mostrem e falem o que gostariam de tornar visível e dizível sobre eles próprios e, inclusive, a respeito do lugar em que vivem. Em campo, as fotografias remeteram a lembranças e esquecimentos foto-não-grafados, não estavam ali representando histórias, realidades dadas e paradas, mas nos apresentando possibilidades de realidades outras, diferentes, estranhas e desconhecidas. Registros de passagens e passageiros que, muitas vezes, já não são, já não estão, não vemos ou não querem se mostrar. Fotografias e narrativas feitas em encontros e desencontros, no imprevisto e no previsto. Logo, ora através de palavras ora de imagens, este texto narra os deslocamentos que se deram em campo de modo a não limitar esta pesquisa às representações e aos produtos dos seus processos, para que conheçamos os caiçaras não a partir do que são (já foram), mas da potência do que está em devir. Com isso desestabilizamos a política da representação para olhar, conhecer e inventar narrativas outras, convocando as sensações a provocar múltiplos sentidos e rachaduras nas explicações através de (re)leituras de imagens e histórias produzidas com os caiçaras. E para que isso se torne possível, essa escritura se faz em experimentação, de modo que não se separa da experimentação em campo e inclui as contradições, os conflitos, os movimentos, os processos e os problemas em aberto |