Resiliência e promoção da saúde: as percepções e práticas de profissionais de saúde da estratégia saúde da família na atuação com crianças, adolescentes e suas famílias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Fernanda Abreu Mangia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10013
http://dx.doi.org/10.22409/PPGSC.2019.m.09067828726
Resumo: A Estratégia Saúde da Família (ESF) traz a noção de territorialidade das atividades de saúde, colocando como desafio pensar de que modo ocorrem as propostas de atenção psicossocial na Atenção Primária em Saúde (APS), visto que são estas equipes que desenvolvem, primeiramente, ações de suporte em seus territórios de referência. O objetivo deste estudo foi investigar as percepções e práticas dos profissionais de saúde que podem contribuir para a superação das adversidades na área psicossocial enfrentadas por crianças, jovens e suas famílias na atenção primária. Essa capacidade de superação foi discutida a partir do conceito de potencial de resiliência, considerado um processo dinâmico e indissociável da trajetória do sujeito. Partiu-se do pressuposto de que os profissionais da ESF podem atuar como tutores de resiliência. Por meio de metodologia qualitativa de pesquisa, foi realizado um estudo de caso em uma unidade de Saúde da Família do município de Itaboraí – RJ. Foram utilizadas observação e entrevistas semi-estruturadas, seguindo a análise de conteúdo de Bardin. Os resultados apontam que o termo resiliência é desconhecido para quase metade dos entrevistados. As principais situações psicossociais citadas foram violência doméstica, uso de álcool e outras drogas, violência urbana, conflitos familiares e falta de apoio da família, pobreza e falta de recursos financeiros e, casos de abuso sexual infantil e incesto. A família, a escola e os serviços de saúde são reconhecidos como uma rede de apoio que deve ser fortalecida e estão relacionados à resiliência quando se constituem em ambiente incentivador, protetivo e seguro. A religião também influencia no modo de superação das dificuldades das famílias, que sofrem com a precarização do trabalho e da vida, assim como a inserção do jovem em projetos que estimulem sua participação na comunidade, que, com isso, passa a ser protetora. Em alguns momentos a equipe pareceu ser capturada pelas rotinas técnicas e burocráticas sob a lógica de uma assistência centrada na marcação de consulta e, ainda orientada pela hegemonia do paradigma biomédico, prejudicando a prática da educação em saúde. Foi possível conhecer a rotina da equipe e sua função, discutindo sobre questões de gênero, sobrecarga de trabalho, formação e valorização profissional, além de identificar possibilidades e dificuldades na atuação junto às famílias no território. Conclui-se que dar voz aos profissionais da ESF permitiu uma visão ampliada sobre o trabalho desempenhado e revelou atributos que podem ser valorizados em seu dia a dia, como vínculo, acolhimento e integralidade nos cuidados a essas famílias. A ação dos profissionais de saúde tem um papel crucial na promoção da resiliência, funcionando tanto como mecanismo de proteção como de apoio social. Nesse contexto, profissionais imbuídos da noção de resiliência na prática em saúde, a partir da concepção de que ela pode ser incentivada e reforçada desde a infância, podem contribuir para a prevenção de agravos e promoção da saúde. Porém, é primordial garantir a educação permanente para que se sintam mais preparados e seguros para intervir, orientados pela intersetorialidade, equidade e participação social, entre outros princípios e diretrizes do SUS, articulando redes de proteção social e assistência no âmbito das políticas públicas que garantem direitos e qualidade de vida às crianças, adolescentes e suas famílias