Avaliação de mediadores inflamatórios circulantes em crianças expostas intraútero à infecção materna pelo vírus chikungunya

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Faustino, Renan da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25677
http://dx.doi.org/10.22409/PPGMPT.2022.m.15956544708
Resumo: INTRODUÇÃO: O vírus Chikungunya (CHIKV), um arbovírus transmitido por mosquitos Aedes spp., é o agente etiológico da Febre Chikungunya (FCHIK). O quadro é caracterizado por mialgia e artralgia que podem persistir por meses ou anos e sua patogenia está relacionada à modulação do sistema imunológico. A transmissão vertical ocorre, principalmente, quando há viremia materna próximo ao parto. Nesses casos, lesões cutâneas-bolhosas, hepatite, encefalite e sepse são as complicações mais frequentes nos neonatos expostos à infecção materna. Os mecanismos e consequências a longo prazo da exposição intraútero ainda carecem de elucidações. HIPÓTESE: Sendo assim, a hipótese defendida é que existe alteração nos mediadores inflamatórios circulantes em crianças de até 1 ano expostas intraútero à infecção materna pelo CHIKV. OBJETIVO: Analisar as alterações clínico-laboratoriais e inflamatórias em crianças no primeiro ano de vida expostas intraútero à infecção materna pelo CHIKV. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal, realizado entre 2017-2021, no qual se recrutou crianças expostas a infecção materna pelo CHIKV no período intraútero (grupo CHIKV), com infecção materna confirmada por RT-PCR e anticorpos IgM anti-CHIKV. Foi incluído um grupo controle com 14 crianças nascidas de mães com exantema e resultado negativo para Zika, Dengue e CHIKV por RT-PCR (grupo CTR). O critério de exclusão foi a presença de outras arboviroses e infecções congênitas do grupo STORCH. Vinte e sete analitos foram analisados por ensaio multiparamétrico, a detecção de anticorpos IgG e IgM foi realizado por ELISA. Os parâmetros bioquímicos e hematológicos foram obtidos através da revisão do prontuário médico. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 33 crianças no grupo CHIKV, dos quais 19 (57,6%) do sexo masculino e no grupo CTR 14 crianças foram incluídas, sendo 8 (57,1%) do sexo masculino. A média de idade foi de 3±2,9 e 9±7,2 meses dos grupos CHIKV e CTR, respectivamente. Não foram observadas alterações bioquímicas ou hematológicas com relevância clínica nos grupos CHIKV e CTR. Uma criança do grupo CHIKV teve sepse pós natal e desenvolveu atraso no desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida. Nenhuma criança do grupo CTR ou CHIKV apresentou IgM anti-CHIKV detectável. As crianças do grupo CHIKV expostas a infecção materna no primeiro trimestre de gestação possuíam maior concentração de IgG- anti-CHIKV quando comparadas àquelas expostas no terceiro trimestre (p<0,005). Além disso, foi observado que crianças do grupo CHIKV apresentaram maior concentração de proteínas inflamatórias de macrófagos, MIP-1α e MIP-1β, e do quimiotático para monócitos, CCL-2. Citocinas pró-inflamatórias como TNFα, IL-6 e IL 7 (p<0,0001) também estavam aumentadas. Em adição, foi possível observar redução da produção dos fatores de crescimento PDGF-BB, GM-CSF e β-FGF. Quando comparadas ao CTR, as citocinas anti-inflamatórias IL-1RA e IL-10 tiveram concentração média de 6 a 13 vezes maior no grupo CHIKV. A análise de componentes principais (PCA) destacou uma distinção de perfil inflamatório dos grupos nos quais os componentes principais, juntos, explicam 56,6% das alterações dos mediadores inflamatórios. CONCLUSÃO: As crianças do grupo CHIKV possuem um perfil inflamatório distinto do grupo CTR. Até o momento não foram observadas associações dos mediadores inflamatórios com os desfechos clínicos. Entretanto, os achados sugerem que a exposição intraútero ao CHIKV gera um milieu pró inflamatório circulante no primeiro ano de vida das crianças. As alterações nos mediadores inflamatórios não implicam em desfechos clínicos evidentes no primeiro ano de vida