Estado-nação e necropolítica: o caso de Mianmar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ribeiro, Thayná Fernandes Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24875
http://dx.doi.org/10.22409/PPGEST.2020.m.14705531710
Resumo: A partir da década de 1980, o fim da Guerra Fria e o crescimento econômico de países como China, Coreia do Sul, Singapura propiciaram a ampliação do olhar aos estudos asiáticos para além da derrota sofrida pelo Japão ou o surpreendente final da Guerra do Vietnã. Ainda assim, são poucos os estudos que buscam a compreensão das dinâmicas asiáticas para além das Coreias, China e Índia. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo contribuir com o alargamento dos estudos sobre Ásia, tratando a respeito do Sudeste Asiático. Mais especificamente, esta pesquisa analisará Mianmar, um país da citada região, e as dinâmicas envolvidas na construção do Estado-nação como modelo político organizacional e seus efeitos na atual situação do país. O guarda-chuva temático geral no qual se encaixa a pesquisa é que no caso dos países em que o Estado nação foi imposto, o Estado, que deveria ser o ente protetor daqueles sob seu domínio, na verdade dispõe de recursos contra os próprios cidadãos ou nacionais, que, por não se encaixarem no padrão estipulado desejado, são extinguidos, das mais diversas formas. A hipótese da pesquisa é que a construção do Estado birmanês, em contexto pós-colonial, centrou-se na produção de um Estado autoritário e violento que, distante do modelo ocidental de Estado-Nação, baseou a produção de uma unidade territorial pela força militar sem interesse em harmonizar diferentes práticas sociais e culturais presentes em seu espaço de soberania formal. Para verificá-la, foi utilizado como metodologia o Estudo de Caso aliado à teoria da Genealogia do Poder (FOUCAULT, 1976), que faz uma análise histórico-política buscando compreender os contextos e processos que levaram a determinados resultados ou efeitos políticos, econômicos e sociais em detrimento de outras possíveis consequências. O trabalho ainda faz uso das sugestões teóricas construtivistas e do conceito de Necropolítica para observar o que está por trás das decisões políticas tomadas para o estabelecimento do país como tal. Esta pesquisa abrange uma análise do período pré-colonial (Século XI - XVI) até 2019. Apesar de longa, essa periodização é necessária para levar a uma maior clareza acerca dos eventos que permearam a história do país e suas influências na conjuntura nacional e internacional. O estudo conclui que desde a chegada dos europeus, a política de "deixar morrer" e estabelecer aqueles que "deveriam continuar vivendo" e para os quais se governa foi uma prática perpetuada na tentativa de construção do Estado birmanês. Os esforços de unificação do país por meio da obliteração de pautas étnicas além de não produzir a união desejada, aumentaram ainda mais as tensões e conflitos entre estas mesmas etnias cuja tentativa de ocultação por parte do Estado produziu efeitos não somente sobre a existência física das pessoas, como também, à tentativa de eliminar práticas sociais e tradições culturais.