Literatura enquanto gesto: o escritor-personagem na narrativa brasileira recente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Graciano, Igor Ximenes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10741
Resumo: Diante do fato de que o escritor é o personagem mais recorrente na produção romanesca recente, questionamos acerca dos motivos e implicações dessa incidência. Para isso, recorremos à metáfora-conceito de gesto literário, uma vez que as obras são resultados de um ato “real” – sua escrita e publicação – que ao trazerem o escritor como protagonista dão a ver, no âmbito da ficção, o que mais o caracteriza: o ofício da escrita e os problemas em seu entorno. Portanto, conforme a definição de Agamben para gesto, mais que metalinguagem, tais obras “comunicam uma comunicabilidade”, no caso, da “mídia” literatura. A dimensão pragmática dá conta desse apelo lançado pelas obras, o qual se efetiva por meio do pacto ambíguo (incerto entre a ficção e a autobiografia) que elas impõem. Devido ao caráter abrangente da abordagem que propomos, que se volta para algo recorrente no centro prestigiado do campo literário brasileiro, recortou-se um corpus representativo desse cenário, com autores de carreira sedimentada e que frequentemente trazem como protagonista de suas obras o escritor-personagem. São eles: Sérgio Sant‟Anna, Bernardo Carvalho, Cristóvão Tezza, João Gilberto Noll e Miguel Sanches Neto. A prosa desses autores, a despeito de suas diferenças formais, carregam características comuns ao que denominamos narrativas do gesto literário: 1) a confusão almejada entre o eu ficcional e o biográfico (isto é, entre o personagem e o autor empírico), que relacionamos à noção de “sujeito fraturado”; 2) o exercício crítico-teórico do escritor-personagem no espaço da ficção; e 3) a relação problemática do escritor com a coletividade, seja ela nacional, regional ou de outra ordem, patente em certo deslocamento quanto ao seu papel de “homem público”. Gesto literário, enfim, diz respeito ao duplo caráter dessas narrativas, que são objetos acabados, no sentido estático de “obra”, e afirmação de uma assinatura, no sentido dinâmico de peças retóricas imbuídas de marcar ou defender um lugar no debate das letras