Modernismo como política de língua : o Congresso da Língua Nacional Cantada (1937)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Monteiro, Luciano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24834
http://dx.doi.org/10.22409/POSLING.2021.d.08924416740
Resumo: A pesquisa analisa pela perspectiva da História das Ciências o Congresso da Língua Nacional Cantada, que foi organizado por Mário de Andrade em 1937. A reconstrução historiográfica se baseia nos debates sobre a padronização da pronúncia brasileira durante o evento e nos estudos sobre a língua publicados em seus anais. Meus principais objetivos foram: fornecer um aparato de leitura das fontes, demonstrar a importância desse evento para a história da Linguística no Brasil e examinar como nele se articularam interpretações políticas, estéticas e científicas daquilo que se entendia como “língua nacional”. As hipóteses principais são que naquele momento estava em jogo o status ontológico da variedade brasileira em relação ao português europeu e que o projeto de padronização da pronúncia nas artes colocou o saber linguístico em circulação no país a serviço desse debate. A tese identifica as motivações dessa iniciativa na atuação artística, intelectual e política de Mário de Andrade e, de modo mais geral, na valorização da pesquisa científica como instrumento para conhecer a realidade brasileira. A interpretação das fontes mostra que as controvérsias sobre a variedade brasileira surgidas na ocasião resultavam da polarização entre duas abordagens, que chamo de gramático-literária e linguísticoantropológica. A partir da perspectiva da Epistemologia histórica (DASTON, 1999 e 2017), mostro que a competição entre esses dois enfoques reflete a sua filiação a diferentes matrizes epistemológicas. Enquanto a abordagem gramático-literária se baseava numa epistemologia aristotélica, cujo modelo era a História Natural, a abordagem linguístico-antropológica se filiava a uma epistemologia evolucionista, presente na Biologia e na Antropologia do século XIX. Ao elaborar a proposta de padronização da pronúncia e organizar um congresso para discuti-la, Mário de Andrade procurou atrair o interesse de ambos os lados da controvérsia. As estratégias utilizadas para isso determinaram a própria identidade do evento.