Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Muniz, Marcela Pimenta |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/10468
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Resumo: |
A formulação de uma nova caminhada para o cuidado em saúde mental está sendo estruturada com base na evidenciação do sujeito e na construção de um sistema que viabilize alternativas adequadas ao vivenciar humano na dimensão cidadã e que supere a lógica tradicional do diagnóstico e tratamento previamente estabelecido segundo abordagens expertises. Este é um desafio que está colocado para os trabalhadores da saúde que buscam respaldar suas práticas em teorias objetivantes e protocolos bem estabelecidos na procura pela segurança de se ter um papel definido e garantido. O risco que se corre nesta dimensão “segura” encontra-se na contramão que se insere em relação à necessidade do cuidado individual, sobretudo, no campo da Saúde Mental. Dentre os desafios colocados à rede de Atenção Psicossocial no cenário contemporâneo, este trabalho propôs potencializar a construção do conhecimento a partir do reconhecimento das singularidades dos usuários para complexificar o olhar sobre o cuidado através de um discurso menos reducionista da vida. A partir do problema disparador, esta pesquisa teve como objeto de estudo “o encontro com o usuário no âmbito da Atenção Psicossocial”. Considera-se a noção de encontro pelo referencial da esquizoanálise como algo que é resultante da afetação dos corpos, em detrimento da indiferença. Os objetivos do estudo foram: Experimentar a pesquisa por meio da análise de implicações do pesquisador como legitimação dos afetos na produção de conhecimento; Avaliar a produção de cuidado a partir do regime ético-estético; Produzir sentidos para o encontro com a Saúde Mental a partir das singularidades dos usuários. Evitou-se enrijecer o processo da pesquisa; ao contrário, procurou-se caminhar junto com as mobilizações e potências, dificuldades, elaborações e propostas a cada momento. A partir da experimentação da pesquisadora no campo de pesquisa junto aos usuários do Centro de Atenção Psicossocial, o estudo trouxe a produção de dados sobre o cuidado a partir das produções dos encontros com os usuários. Propôs-se experimentar novos sentidos e olhares através da pesquisa em sua perspectiva estética, ressaltando-se a multiplicidade do ser que sente, pensa e age a partir das noções de diferença e singularidade, buscando recolher alguns efeitos dos encontros na pesquisa provocados nos participantes e em mim, a partir das interferências e dos encontros na pesquisa. O cerne das minhas considerações finais está no movimento, nos fluxos, e não em uma resposta com ponto final. Desta forma, não justifiquei ou legitimei neste estudo um conhecimento a respeito do cuidado, mas sim busquei (re)inventar, junto aos usuários co-pesquisadores uma noção de cuidado sob o prisma da diferença, da multiplicidade, e não da unificação ou totalização. Na produção dos dados emergiram intercessores para o encontro com a saúde mental e foram discutidas experimentações que apontaram para as ações da Rede de Atenção Psicossocial sob uma nova pensabilidade, a qual força a produção do cuidado em sua perspectiva imanente, em detrimento de perspectivas capitalísticas da totalização das formas do cuidado junto à pessoa portadora de transtorno psíquico grave. O tema da escuta foi algo que se produziu no estudo como algo que requer uma clínica menor para utilizarmos a plasticidade equilibrando-nos entre o extremo da surdez, o canto da sereia e o extremo da música gritante, para dar passagem às singularidades dos usuários. A partir dos dados produzidos na experimentação dos encontros no presente estudo, proponho para estudos futuros para a Saúde Mental uma “Produção do cuidado Órgão-sensível”. Para superar a sobrecodificação das singularidades, devemos utilizar um movimento de produção de cuidado pela diferença: rizoma e não somente arborescência. Há que se compor a transversalidade rizoma-decalque nas ações da Atenção Psicossocial. O decalque instituído preservará os “órgãos” minimamente necessários. Mas, este “órgão” não será totalitário ou fascista se houver a composição com vertentes rizomáticas, as quais colocarão os “órgãos” em função da promoção da vida e não do organismo, à medida que são nômades, espontâneas, abertas à multiplicidade. Assim, aponta-se que há a necessidade de articularmos elementos da saúde mental com a perspectiva do cuidado pela diferença, e não apenas por referências teorizantes especulativas produtoras do achatamento produtivo-desejante dos encontros. Além disto, a partir das singularidades destacadas nos dados desta pesquisa, recomenda-se que estudos futuros adentrem também especificamente a ciência da enfermagem utilizando-se por dentro dela as noções de plasticidade e de rizoma como máquinas de guerra que adensem o tema da prática da enfermagem em saúde mental. A partir da convivência com estas pessoas que foram co-pesquisadoras, aponta-se, em algumas situações, que a loucura nem mesmo deva estar instituída obrigatoriamente como tema da psiquiatria, o que nos aponta a antipsiquiatria como um caminho possível e necessário para as reflexões na RAPS. Nesta perspectiva, a RAPS se desinstituir-se do poder que ainda possui e exerce na vida das pessoas – apesar da sociedade moderna ainda preferir que o louco esteja nos serviços e lugares instituídos especificamente para ele e que os demais modos de vida e saúde não pertencem a ele – significará para a RAPS a possibilidade de sustentar a proposta da desinstitucionalização da loucura: libertá-la |