'Deixe-me sentir': (des)encontros entre sexualidade e o campo da saúde mental em periódicos brasileiros (2001-2014)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bessa, Juliana Cristina [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150707
Resumo: Os estudos sobre a sexualidade no cenário da loucura ainda permanecem incipientes, demonstrando uma lacuna existente nesse campo de discussão. A problemática da Saúde Mental, em todos os seus atravessamentos, configura-se como campo amplo e complexo, no qual podemos pensar a Saúde Mental enquanto um dispositivo de regulação dos corpos. As manifestações ditas psicopatológicas, das pessoas em sofrimento psíquico, são controladas por meio de discursos, assim como as diversas expressões da sexualidade que também sofrem algum tipo de controle ou negação. Em diversas situações, essas pessoas são interditadas em relação aos seus desejos, por serem consideradas doentes, em tratamento, não sendo "autorizadas" a desejar, a querer e a sentir. Nessa perspectiva, destaca-se a notoriedade de como alguns corpos são invalidados por práticas disciplinadoras que ditam as regras do que é certo ou errado, que não possibilitam que esses corpos se afetem. Desse modo, esse dispositivo investe em meios de controle voltados para produção de corpos e modos de vida. Assim, por meio dos estudos de gênero e sexualidade e da técnica de análise de conteúdo, objetivamos problematizar os discursos que vêm sendo produzidos em relação as questões da sexualidade no campo da Saúde Mental. Observamos artigos científicos indexados nas bases de dados SciELO e LILACS, entre os anos de 2001 a 2014. Por meio das leituras e exploração do material, selecionamos 21 artigos, de um total de 2.336 (928 SciElO e 1.408 LILACS). Após leitura, os artigos passaram por um processo de inclusão e exclusão de acordo com os critérios estabelecidos. Uma vez selecionados, os artigos foram classificados em três categorias: 1. Sexualidade e Vulnerabilidade: “comportamento de risco”, prevenção ao HIV/Aids em saúde mental; 2. Percepções/Representações Sociais que norteiam a atuação de profissionais frente às questões da sexualidade; 3. Comportamentos/Violências Sexuais e suas associações com “transtornos mentais”. Estas categorias permitiram sistematizar o conteúdo referente as temáticas, bem como auxiliaram na verificação e reflexão do que vêm sendo (re)produzido nesse campo. De um modo geral, observamos como o discurso classifica, patologiza e diagnostica as expressões de gênero e sexualidade de pessoas em sofrimento psíquico, em uma perspectiva de cuidado atrelada às noções de práticas sexuais e políticas de prevenção. Verificamos uma ausência de problematizações e de produções científicas dessas questões no campo da Saúde Mental. Assim, pretendemos que nossas discussões possibilitem maior visibilidade e importância a essas questões, para a constituição de práticas de resistências por meio de articulação entre sexualidade e Saúde Mental, pautada na perspectiva da Atenção Psicossocial.