A Lapa boêmia e a Lapa reificada como lugar do espetáculo: uma análise da produção do lugar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bartoly, Flávio Sampaio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33995
Resumo: Esta tese tem como objetivo principal compreender o processo de “revitalização” da Lapa a partir dos significados e representações historicamente atribuídos ao bairro. Partimos da hipótese de que há uma “convivência” entre um processo de “revitalização” de cunho espetacular (no sentido situacionista do termo) e a permanência, não só da degradação do espaço da Lapa, como também da boemia e da moradia como formas de vivência do bairro. O apelo à história boêmia do bairro e sua enorme influência no “jeito carioca de ser”, tornaramse armas fundamentais para a retomada da visibilidade da Lapa, agora como um local “de retorno às raízes culturais” da cidade. Neste sentido, esta questão torna-se parte das discussões acerca da mundialização dos lugares, o que, por conseguinte, coloca a geografia no centro dos debates. As influências globais que são carregadas pelos frequentadores e pelas casas de shows misturam-se à história e às lendas do bairro na produção de um lugar fecundo de representações. Na verdade, esta reflexão nasceu a partir da expectativa de chamar a atenção para a importância da renovação do conceito de lugar, diante do descolamento entre abordagens “tradicionais” e a realidade urbana contemporânea. O lugar como uma porção (objetiva) do espaço plena de significados, que são atribuídos pelos indivíduos e que não são absolutos e nem estão necessariamente em oposição às influências globais, constitui a base fundamental das perspectivas de renovação conceitual. Com isso, propomos uma análise que privilegie as representações e os significados expressos pelas imagens da malandragem, da prostituição, da decadência, da revalorização, da musicalidade e do florescimento da criatividade que são constantemente agregados às novas casas de shows e à revitalização da Lapa de modo geral. Lançar mão da observação participativa e de questionários para frequentadores e moradores, mostrou-se uma estratégia fundamental para que os sujeitos e as representações ganhassem maior destaque em nossa reflexão. Assim, para desenvolver uma abordagem das ambivalências da Lapa através do conceito de lugar renovado, definimos a seguinte sequência: O capítulo 1 trata dos limites e possibilidades de uma resposta ao nosso questionamento principal, a partir da renovação mais recente do conceito de lugar. Sem dúvida, um dos fatores mais importantes dessa “revitalização” é o destaque do conteúdo histórico do espaço, o que nos estimula à tarefa de repensar o conceito de lugar. No segundo capítulo, lançamo-nos ao desafio de buscar ambivalências socioespaciais representativas na/da Lapa, com vistas a compreender se a lógica espacial que identificamos atualmente possui ecos no passado e na atualidade. Em seguida, tentaremos construir a ideia do lugar do espetáculo como uma via de compreensão de uma das dimensões da vida atual na Lapa. Por fim, no capítulo 4 tentaremos demonstrar nossa hipótese de que atualmente a lógica do espaço da Lapa é fundada predominantemente na “convivência” da espetacularização com a vivência do bairro através da boemia e da moradia.