Avaliação e acompanhamento oftalmoscópico de crianças expostas ao vírus Zika durante o período gestacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Santos, Maria Luiza Bernardes dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35933
Resumo: Introdução. A Síndrome da Zika Congênita (SZC) é uma doença nova e o comportamento das suas alterações oftalmológicas ao longo do tempo ainda não foi completamente elucidado. Objetivos. Descrever e acompanhar os achados oftalmoscópicos de crianças expostas ao vírus Zika (ZIKV) no período gestacional durante a epidemia do vírus no Brasil; analisar a associação entre as alterações encontradas e o exantema materno, a microcefalia, os sintomas da SZC e a reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) materna; identificar os sinais que possam contribuir com o diagnóstico diferencial entre os achados oculares da SZC e os encontrados em outras infecções congênitas. Métodos. Trata-se de estudo observacional prospectivo conduzido no Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil, entre abril de 2016 e maio de 2019. Crianças com microcefalia e/ou cujas mães apresentaram exantema durante a gestação foram avaliadas por meio de oftalmoscopia indireta à admissão e semestralmente após. Foram testadas as associações entre as alterações oftalmológicas e o exantema materno, a microcefalia, os sintomas da SZC e o RT-PCR materno. Resultados. Das 72 crianças incluídas, 16 (22,2%) apresentaram acometimento ocular. Todas as 16 tinham SZC, e 15 (93,8%) tinham microcefalia, sendo 14 ao nascimento e 1 pós-natal. Quatorze (87,5%) apresentaram alterações oftalmológicas bilaterais. Dos 30 olhos afetados, 25 (83,3%) apresentaram alterações do nervo óptico e 28 (93,3%) da retina. Cinquenta e seis (77,8%) das 72 crianças foram acompanhadas e nenhuma apresentou diferença entre o exame de admissão e os exames de seguimento. Após regressão logística, apenas a microcefalia ao nascimento foi associada às alterações oftalmológicas (odds ratio, 77,015; IC95%, 8,848-670,377; p=0,0000835). Conclusão: As alterações oftalmológicas acometeram principalmente o nervo óptico e a retina e não houve progressão das lesões ao longo dos três anos de acompanhamento. Apenas a microcefalia ao nascimento mostrou estar associada com a presença de alterações oftalmoscópicas. Não se observa achado patognomônico que represente as lesões oculares da SZC, mas algumas diferenças sutis podem ajudar no diagnóstico diferencial com as alterações presentes em outras infecções congênitas.